terça-feira, 18 de julho de 2017

Frantz


Drama de época, Frantz (França/Alemanha, 2016), de François Ozon falado em francês e alemão, é baseado no filme Não Matarás (Broken Lullaby, EUA, 1932) de Ernst Lubitsch mostra com delicadeza uma surpreendente história de amor, em meio a tragédia e a dor da guerra, a um emaranhado de mentiras, abordando a questão do perdão, tudo isso com muitas surpresas e regado de emoções, muitas delas manipuladas pelo diretor.


Em uma pequena cidade alemã após a Primeira Guerra Mundial, a viúva Anna (Paula Beer) chora diariamente no túmulo de seu noivo Frantz, morto em uma batalha na França. Um dia, o jovem francês Adrien (Pierre Niney) um ex-combatente, porém pacifista, de 24 anos, que também coloca flores no túmulo. Sua presença, logo após a derrota alemã, inflama paixões, especialmente em Hoffmeister (Ernst Stötzner) pai de Frantz, que considera todo francês uma assassino de seu filho.  

Adrien se apresenta como amigo do falecido e acaba por fazer contato com a Anna e os sogros dela, que a consideram como filha, sendo que inclusive moram juntos. A principio imaginamos o relacionamento de Adrien e Frantz tenha sido homo afetivo, pois é isso que texto do filme deixa nas entrelinhas. No entanto, a verdade só é contada a Anna, que pra não magoar ainda mais os sogros, prefere esconder deles a verdade omitindo a informação e fantasiado uma pseudo verdade. A partir daí, é como se tivéssemos duas histórias acontecendo em paralelo e Anna transitando entre as duas linhas temporais, e de certa forma ganhando uma afeição por Adrien.

Por ser jovem, e ter outros pretendentes, o casal de idosos deseja que Anna se case com Adrien, desejo este relatado claramente por Magda (Marie Gruber). E mandam que ela vá a França atrás do rapaz, que não teve suas cartas respondidas, pois Anna ainda não o havia perdoado e mantinha a farsa diante dos sogros. Assim, a bela história de amor, é ofuscada pelos dissabores da vida. Seria possível uma jovem se apaixonar pelo assassino de seu noivo? Nas circunstâncias em que ocorreram as guerras, acredito que sim, por mais louco que isso possa parecer. Então por mais questionável que seja a atitude de Adrien, procurar a família daquele que ele tirou a vida, e pedir perdão é algo nobre demais para nossas mentes limitadas.

A fotografia do filme é predominantemente em preto e branco, mas repleta de beleza e melancolia. Ela se apresenta quando o filme expõe a realidade dos fatos, enquanto que aquilo que é fantasioso, é mostrado em nítidas cores, sendo um recurso deveras interessante, sutil e acaba fazendo parte da história em si. O ritmo lento não atrapalha, pelo contrário demonstra certa compaixão dos personagens. Participou do Festival de Veneza 2016 e do Festival de Sundance 2017. 


Veja o trailer de Frantz:


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