Na noite do dia 30 de setembro de 2014, fui com o capitão Rodrigo Faustich, que teve que pernoitar em Fortaleza neste dia, ver a sessão de "Paixão Inocente" exibida no Cinema de Arte. Fez parte da Mostra Paris, de filmes inéditos no Brasil da distribuidora Paris Filmes.
O drama apresenta uma família de uma pequena cidade em Nova York, que decide acolher em sua
casa uma estudante Sophie (Felicity Jones) estrangeira em intercâmbio. Mal
sabem eles que a presença desta garota vai mudar para sempre a dinâmica
entre os familiares e abalar a establidade da residência. O pai Keith Reynolds (Guy Pearce) a principio reluta com a ideia, mas sua esposa Megan Reynolds (Amy Ryan irreconhecível no papel). A filha Lauren Reynolds (Mackenzie Davis, a quem tenho passado a admirar) aceita dividir seu quarto com a inglesa. Todos estão muito bem em seus papéis e vemos fortes atuações, algumas vezes sequer utilizando palavras, apenas o olhar, ou a respiração, já que o título em inglês é Breathe In, que significa inspirar. Inclusive a cena onde a técnica de respiração inspirar, expirar é utilizada é repleta de tensão sexual.
Assim, o filme consegue facilmente prender a atenção do espectador, especialmente os homens, ao
abordar a crise na meia-idade de Keith, que está infeliz na sua profissão de professor de música e no rumo que sua vida tomou quando deixou Manhattan e mudou-se para uma casa maior numa região mais afastada do grande centro. Keith relembra com saudosismo seu tempo de juventude, quando tocava numa banda. Nos dias atuais, o músico é suplete da Orquestra Sinfônica de Nova York e está prestes a realizar um teste para passar a ser titular no violoncelo. Inclusive ela reluta na vinda da jovem, para não comprometer seus ensaios, uma ves que ela toca piano.
Acontece que Sophie é uma instrumentista talentosíssima. Ela até reluta em ir para sala de aula de Keith, pois desde a primeira troca de olhares, ela já passou a nutrir algo por ele. Aliás, ela se mostra bastante madura, em função da perda de seus pais, criação pelos tios, e acaba tendo interesse por homens mais velhos, dos que os idiotas de sua faixa etária. Então, outro tema é abordado no longa, o adultério. O roteiro lembra um
pouco "Beleza Americana" (1999), que tem essa mesma temática como viés principal. A bíblia diz em Provérbios 6:32 que "o homem que comete adultério não tem juízo;
todo aquele que assim procede
a si mesmo se destrói."
A princípio Sophie e Keith se evitam, mas ele passa a admirá-la, e essa admiração evolui para um sentimento que é recíproco por parte dela. Os "amigos" de Keith ressaltam os atributos físicos de Sophie e parabenizam a Keith pela sorte que ele teve em ser o anfitrião da garota... Certo dia, enquanto Lauren participa de uma competição de natação, e cai uma chuva torrencial, Megan fica responsável por levar as garotas para suas casas, e Sophie e Keith retornam sozinhos para casa. Os dois bebem umas cervejas, e o sentimento entre os dois é aflorado.
Outro problema é abordado de forma mais discreta no filme, a imaturidade de Lauren em seus relacionamentos, provavelmente fruto da distância que a garota tem de seu pai, que se contenta apenas em fazer os agrados da garota, lhe dando um carro de presente por exemplo. Assim, Lauren é imatura, especialmente diante de seu também imaturo ex-namorado, chegando a fazer coisas bobas ao sentir ciúmes de Sophie. No entanto, o relacionamento de Sophie começa a evoluir com o pai de Lauren, e não com seu ex-namorado. Lauren presencia acidentalmente um dos encontros de Sophie e Keith. Foi uma infeliz coincidência que revelou o adultério e acabou gerando um clima ruim na família, que culminou na tentativa de fuga do casal, e no desespero de Lauren que diante da situação, acaba se acidentando.
O filme foi selecionado no Festival de Sundance em 2013.
Eu fortaleço minha convicção cristã de que o casamento deve ser honrado por todos e o leito conjugal, conservado puro; pois Deus julgará os imorais e os adúlteros. (Hebreus 13:4). Diante da possibilidade iminente de traição, o correto seria Keith ter procurado ajuda e fugir da situação, uma vez que somos humanos e erramos diante da tentação. Recomendo para quem gosta de um suspense acompanhado de uma boa dose de drama familiar. Pelo lance do adultério, o filme me lembrou também o excelente "Pecados Íntimos" de Todd Field (2006). Nota: 9,0/10,0.
Segue trailer: