Drama familiar O Sonho de uma Família (Magari, 2019) de Ginevra Elkann mostra como as separações dos pais afetam o cotidiano dos filhos. A trama parte de uma palavra muito simples do idioma italiano – ‘magari’, que significa ‘talvez’ – para construir um mundo de possibilidades a partir dos olhos de uma criança, a caçula de uma família que, após ter se esfacelado, busca os meios para se reconstruir.
Na trama, Charlotte (Céline Sallette) e Carlo (Riccardo Scamarcio) não estão mais juntos. Ela voltou para Paris, levando consigo os três filhos, enquanto que ele permaneceu em Roma. A mulher é instável, e isso logo se estabelece. Ao lado de um novo companheiro, se apaga em suas motivações e rapidamente estará agindo de acordo com os interesses dele. Isso a leva a rever duas posições que pareciam consolidadas: não ter mais filhos e permanecer na Europa. Assim, sem aviso prévio, acaba engravidando pela quarta vez. E atendendo a um pedido do novo marido, decide que está na hora de se mudarem para o Canadá, onde ele precisa ir por questões profissionais. Portanto, quando os filhos partem para um período com o pai, este pode ser também o último instante juntos antes de uma longa separação.
A história de uma família dividida, vista pelo olhar da jovem Alma, de 9 anos, e de seus dois irmãos mais velhos Jean e Seb. A mãe, uma francesa rica e tradicional, e o pai, um italiano falido, ausente e nada convencional, se divorciaram há anos. As crianças vão passar alguns dias com o pai na Itália, e ele não faz ideia de como cuidar de si, quanto mais dos filhos. A situação é complicada, mas, apesar das dificuldades e tensões diárias, a pequena Alma continua a acreditar que um dia, talvez, a sua família possa a ficar junta novamente.
Com seus pais separados, a garota agora deve lidar com a mãe se casando novamente, um bebê que está chegando e passar duas semanas na Itália com seu pai, isso antes de se mudar definitivamente. Um retrato íntimo e nostálgico sobre a família Elkann, os proprietários da marca Fiat.
Carlo é roteirista, e sua cabeça está centrada apenas no seu próximo texto, que foi reprovado e precisa de correções urgentes para que o filme que dele depende, aconteça. Assim, convoca Benedetta (Alba Rohrwacher), a mulher que apresenta como sua assistente, mas logo deixa claro que seus interesses são mais... íntimos, por assim dizer. A mulher não é mãe, e nem se espera que aja como tal.
O olhar inocente da pequena não é aprofudado, ela acredita em promessas religiosas como meio de unir novamente os pais, esbarra em soluções igualmente frágeis, denotando uma falta de visão mais acurada dos problemas percebidos entre as gerações.