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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Filme - Jovem e Bela

Na noite deste 19 de maio de 2014, fui com meu primo Saulo ao UCI Cinemas ver o filme "Jovem e Bela" no Cinema de Arte. Acompanhado de uma barra de ceral de morango e halls de limão, desfrutei de uma sessão cinematográfica pra gente grande.
O filme nos apresenta uma jovem de 17 anos chamada Isabelle (Marine Vacth) ao longo das 4 estações do ano. A conhecemos durante uma viagem de verão com a família, quando ela vive a sua primeira experiência sexual com um jovem alemão, numa típica férias de verão, uma vez que ela acha o garoto um idiota e ainda assim se entrega sexualmente a ele. Sou um defensor do sexo no casamento. Quando a atividade sexual é realizada fora do casamento, deixa traumas e pode trazer consequencias devastadoras, como o filme se propõe a apresentar.
Ao voltar para casa, ela relata o ocorrido ao seu irmão menor, a quem a jovem pede segredo. Termina o verão, o ocorrido fica para trás, mas as consequencias do ocorrido já aparecem no outono, quando vemos Isabelle dividindo seu tempo entre a escola e um "trabalho" de prostituta de luxo. Ela se cadastra facilmente num site que divulga fotos de seu corpo nu, e o número de um telefone celular adquirido sem o conhecimento de seus pais, para marcar os encontros às escondidas.
Assim, a adolescente explora a sua sexualidade e logo começa a ganhar dinheiro com os seus clientes. O que leva uma jovem bonita, da classe média a se prostituir? É a pergunta que ficamos ao longo do filme. Felizmente encontramos respostas na própria película. E a resposta é a mesma que leva jovens ao caminho das drogas, ou a disturbios alimentares, por exemplo.

Famílias desestruturadas, são fatores primordiais para o desvirtuamento de princípios e valores. A bíblia diz em Hebreus 13:4 que "o casamento deve ser honrado por todos; o leito conjugal, conservado puro; pois Deus julgará os imorais e os adúlteros". O divórcio dos pais de Isabelle, deixaram feridas profundas na jovem. A garota mantém uma relação fria com mãe e padastro, tendo a confiança apenas do irmãos mais novo. Considero a ausência paterna na criação de filhos, um dos fatores que desvirtuam a mente das crianças, especialmente das meninas, e a levam por um caminho tão tortuoso e perigoso quanto o da prostituição. Com a ausência do pai, apesar da figura do padastro, as meninas perdem a referência da figura masculina e vão buscar o afeto de outras maneiras.
No entanto, chega o inverno e um incidente com um de seus clientes, faz com que a sua mãe, Sylvie (Géraldine Pailhas), descubra as suas atividades secretas, através da investigação policial que desmascara o segredo de Isabelle, fazendo com que sua mãe entre em desespero e tente "recuperar" a filha. Para tanto, ele a leva ao terapeuta, a quem ela relata que gostava de marcar os encontros, de te ro controle da situação, conversar na Internet, falar no telefone, ir ao encontro do desconhecido, enfim, viver uma aventura juvenil.

Não quero aqui culpar, ou muito menos julgar a personagem e seus atos. O maior culpado de toda a situação, além do pai que preferiu trocar de esposa e constituir outra família, é o homem que assediou sexualmente a garota na saída da escola e ofereceu dinheiro em troca de sexo. Embora ela não tenha aceitado, a ideia ficou em sua mente, e depois, no sofá de casa vendo que existem jovens que vendem o seu corpo, a bela menina viu uma oportunidade e mergulhou à fundo nela. A mãe e o padastro também tem sua parcela de culpa, pois não vemos no filme nenhum cuidado espiritual com a família, apenas a preocupação com as próximas férias... Coincidentemente, no último domingo, estive num culto onde o tema foi justamente a exploração sexual infantil, que será combatida em Fortaleza, durante o período da Copa do Mundo.
Gosto de filmes sobre adolescentes. O poeta Rimbaud, citado numa cena peculiar do filme, diz que nessa idade "ninguém é sério", mas a descoberta da sexualidade geralmente ocorre nesse período, então, todo cuidado é pouco. Chega a primavera e a personagem desabrocha para a vida que leva, assumindo-se puta e preterindo o trabalho de babá, onde ganha pouco, pelos encontros às escondidas. É quando ela conhece uma personagem que a fará amadurcer como pessoa. O destino de Isabelle não sabemos, mas refletir sobre os acontecimentos apresentados no filme, fazem o longa valer à pena. O roteiro é profundo, com várias camadas a serem desvendadas, sempre provocando indagações, e sem o julgamento, este cabe ao espectador.
Deixo um recado aos filhos. Efésios 6:1-3 diz que os filhos devem obedecer seus pais no Senhor, pois isso é justo. O texto bíblico ensina também que honrar pai e mãe é o primeiro mandamento com promessa e necessário para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra. Então, cabe aos pais ensinar a criança no caminho em que deve seguir (Provérbios 22:6).
Um detalhe curioso do filme, diz respeito as 4 estações do ano, onde Isabelle vive as diversas experiências, passando por altos e baixos e sempre acompanhadas por uma canção, onde a letra dialoga com as imagens mostradas, em cada estação, ouvimos uma canção diferente. Méritos para a trilha sonora de Philippe Rombi, que se utiliza das canções de Françoise Hardy, "L’amour d'un garçon" (1963), "À quoi ça sert" (1969), "Première rencontre" (1973), "Je suis moi" (1974), que por mais que quebre o clima da cena em alguns momentos, ajudam a contar um pouco desta curiosa história.através das letras relevantes das canções.


Méritos sejam dados a François Ozon pela relevância da temática do filme. A filmografia desse diretor francês é bem interessante, com filmes como "8 Mulheres", "Swimming Pool - À Beira da Piscina", "Angel", "Ricky" e "Dentro de Casa". Destaque também para atuação de Marine Vacth sem pudor nas cenas sexuais, iniciando sua careira em um grande papel. Filme vencedor do Festival de San Sebastián em 2013 e concorrente a Palma de Ouro em Cannes no mesmo ano. Recomendado. Nota: 8,0/10,0.

Segue trailer:

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