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sábado, 9 de dezembro de 2017

Extraordinário


Drama baseado no best-seller homônimo de R. J. Palacio, Extraordinário (Wonder, Estados Unidos, 2016) de Stephen Chbosky, o mesmo do excelente As Vantagens de Ser Invisível (2012), emociona com sua simplicidade em narrar uma bela história carregada de uma mensagem extremamente necessária para os dias atuais, sobre gentileza, respeito mútuo e o poder da família e dos amigos.

O filme apresenta a jornada de superação de August Pullman (Jacob Tremblay), um menino de dez anos de idade, carinhosamente apelidado de Auggie. Ele é portador de uma síndrome genética que o deixou com deformidades faciais, mesmo após diversas cirurgias, o menino não interage com crianças da sua idade e precisa enfrentar os desafios de começar seus ensinos em uma escola regular, no equivalente ao 5º ano de nosso ensino fundamental. A decisão partiu da própria mãe, Isabel (Julia Roberts), com o apoio do pai Nate (Owen Wilson) ambos decidem que chegou a hora de ingressar numa escola convencional, o colégio Beecher Prep, sendo este o momento mais oportuno. 

O diretor Stephen Chbosky mostra ao longo do filme os obstáculos enfrentados pelo garoto que sonha ser um astronauta, neste mundo novo e amedrontador, mostrando a realidade do tema bullying numa escola. Destaque para a montagem em capítulos, intitulado por personagens da trama. Me chamou atenção a personagem Olivia (Izabela Vidovic), irmã de Auggie, uma adolescente que mesmo percebendo que quase tudo gira em torno do irmão, não se revolta diante da situação, carregando o peso de ser a responsável pela existência dele, depois de um simples pedido após soprar as quatro velinhas no bolo de seu quarto aniversário. As cenas envolvendo Olivia, abordando temas como amizades, namoro na adolescencia, são extremamente relevantes.

Dividido em capítulos, que são intitulados pelos coadjuvantes da trama, se destacam a participação dos melhores amigos de Auggie e Olivia, Jack (Noah Jupe) e Miranda (Danielle Rose Russell),  respectivamente. Eles como crianças que são, fazem bobeiras, mas procuram corrigir o equívoco que fizeram. Enquanto isso, Auggie sofre bullying de todos, sendo respeitado por poucos, como Summer (Millie Davis) que tem participação pequena no roteiro que foca o bullying apenas na ação praticada pelo colega, Julian (Bryce Gheisar), que são claramente resultados da influência preconceituosa da mãe de Julian (Crystal Lowe). Assim, os coadjuvantes tem participações efetivas na trama e não apenas episódicas.

Algumas cenas simples, fruto da imaginação do garoto, causam emoção e estão bem encaixadas na trama, como quando Auggie percorre os corredores da escola vestindo seu traje espacial, e quando interage com Chewbacca, personagem de Star Wars, que assim como Auggie, é bem diferente dos demais, e por consequência, tão especial. Destaque para a bela montagem de Mark Livolsi, que deixa a história sempre fluida e agradável para os olhos.

Tremblay, mais uma vez chama a atenção por sua atuação, que já recebera elogios no fabuloso O Quarto de Jack (Room, 2015) de Lenny Abrahamson. Mas o roteiro abre espaço para outros brilhem. Até a brasileira Sonia Braga, vó de Auggie e Via encontra espaço para uma importante participação. O roteiro adaptado por Chbosky, Steve Conrad e Jack Thorne a partir do livro de R.J. Palacio, soa mais ameno que no livro, onde o drama é preponderante. Aqui há uma suavisação natural da obra, com um tom mais cômico.

No entanto, o grande mérito do filme, é expor claramente a importância da família como alicerce para enfrentarmos as dificuldades da vida. A importância dos pais e dos ensinamentos estão presentes desde a situações banais, ao cuidado que os pais devem ter com situações enfrentadas por seus filhos. Destaco a cena que lembra Marley & Eu (2009), que mostra mais uma vez a força do ambiente familar, tão necessária para os dias atuais, onde a família é bombardeada com situações que invertem os valores familiares. Lembrando que o filme evidencia também, que os pais de Auggie, são tão imperfeitos quanto qualquer um que experimenta desfrutar dos prazeres da paternidade, vide os episódios envolvendo a filha mais velha, que acabou não recebendo tanta atenção ao longo de seu crescimento, em função da atenção requerida pela irmão.

Pelo que ouvi de comentários antes do filme, economizei lágrimas ao longo da projeção, aguardando por um eventual momento trágico, que felizmente não ocorre, preponderando a mensagem de superação de Auggie. Eu tinha certeza que alguém importante iria falecer, e quando Jack bateu a cabeça na pedra, pensei que a vítima da vez seria o garoto, felizmente não é isso que ocorre. Por fim, não há palavras que sejam suficientes para descrever um filme que é pura e simplesmente extraordinário.

Segue o simpático trailer de Extraordinário:

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