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segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Luciérnagas


Produção LGBT Luciérnagas [México, Grécia, EUA, República Dominicana, 2018] de Bani Khoshnoudi, é um drama sobre a sensação de não pertencimento, que utiliza-se de uma metáfora geográfica, para abordar a temática da orientação sexual. Não faz o meu tipo de filme, mas é digno por mostrar uma situação angustiante enfrentada por um homossexual.


A trama apresenta Ramin (Arash Marandi), um rapaz de 30 anos que sofria perseguição no Irã por ser gay e por isso deixou seu país de origem. Quando se escondeu em um barco cargueiro para fugir, não esperava que chegaria ao México, sua intenção era ir à Grécia, ou Turquia. Longe do que costumava conhecer, Ramin encontra uma nova maneira livre de viver, enquanto tenta se habituar a todas as coisas novas que lhe foram apresentadas.

O principal cenário do filme é a cidade portuária de Vera Cruz, que recebeu, no século passado, uma grande quantidade de imigrantes vindos do Líbano, da China, e de outros países latino-americanos, sem contar os milhares de refugiados da Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

O nome da ficção mexicana não tem nada a ver com a homossexualidade, “Vagalumes”, em tradução literal, conta de forma contida, a história deste jovem iraniano que embarca clandestinamente em um navio cargueiro, tendo a Grécia (ou a Turquia) como destino. Mas não consegue visto de permanência no país europeu. Parte, então, em outro cargueiro, para o México, desembarcando no porto de Vera Cruz. Trabalha em ofícios pesados como a colheita de abacaxi ou a construção civil. Aos poucos, com refinada delicadeza, saberemos que ele é homossexual e deixou o companheiro no Irã. 

Hospedado numa pensão barata, Ramin fará amizade com a solar proprietária Léti (Edwarda Gurriola), que cuida do tio idoso (Elígio Meléndez). E se aproximará de um rapaz de muitas tatuagens, Guillermo (Luis Alberti), que sonha migrar para Los Angeles, na Califórnia. O namorado de Léti já consumou o sonho de muitos mexicanos (cruzar a fronteira).

A zona portuária de Vera Cruz é explorada em cores quentes pela bela fotografia do chileno Benjamín Echazaretta. Ele registra o trabalho diário das máquinas e trabalhadores do grande porto. Fica registrado também, a sensação de abandono e solidão que vem das edificações vistas em noites escuras. Parecem ruínas de uma cidade que conheceu, no passado, dias de glória e apogeu econômico. O fotógrafo filma corpos de forma epidérmica, destacando tatuagens e cicatrizes. As marcas nas costas de Ramin serão explicadas sem nenhum discurso verbal, só com o poder da sugestão visual.

O longa tem participado de vários festivais, muitos deles voltados para o público LGBTI, e tem sido bem-recebido. Até os pais da cineasta, de perfil conservador, aprovaram o que viram em um festival, em Los Angeles, por entender que o filme “poderá sensibilizar a comunidade iraniana que vive nos EUA”.

O elenco de “Vagalumes” é majoritariamente mexicano. O principal papel feminino coube à roliça Edwarda Gurrola, atriz desde a infância (atuou nas novelas “Carrossel” e “Vovô e Eu” e em “Star Wars – Episódio 5” e “Efeito Colateral”). Só dois personagens são iranianos: o protagonista interpretado por Arash Marandi, ator radicado na Alemanha, e o rapaz que dá rosto ao namorado iraiano (só o vemos em conversa via Skype). Para este pequeno papel, foi convocado um jovem que vive em Washington, nos EUA.

Segue trailer de Luciérnagas :

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