Curta documentário Lorena dos pés Ligeiros (Lorena, la de pies ligeros, 2019) de Juan Carlos Rulfo apresenta a cinematográfica história de Lorena Ramírez, da comunidade mexicana Rarámuri (ou Tarahumara), vive uma vida pacata no campo, até calçar suas sandálias para competir como corredora de ultramaratona. Altamente inspirador.
Em 29 de abril de 2017, María Lorena Ramírez de apenas 22 anos, ficou em primeiro lugar na corrida UltraTrail Cerro Rojo, realizada em Puebla, com a participação de 500 atletas de 12 países e sem treinamento e sem roupas e equipamentos (que achamos) adequados. Ela correu por sete horas e 3 minutos usando uma saia e um par de huaraches (sandálias com sola de pneus). Em 2016, Ramírez ficou em segundo lugar na Ultramaratona Caballo Blanco, no Estado de Chihuahua, na categoria dos 100 quilômetros.
Lorena vive no município de Guachochi com a família. Seu povo é conhecido como rarámuri, que significa pés ligeiros. Vivem isolados, em meio à natureza, numa região de serras, por onde correm com a mesma desenvoltura que demonstram em provas oficiais. Foi o pai, Santiago Ramírez, quem começou a participar das corridas. E foi levando os filhos. A primeira prova em que inscreveu Lorena era uma corrida de 10 quilômetros. Ela ganhou... Depois disso, passou a disputar provas de 50 e 100 quilômetros.
Lorena é tímida, fechada e quase sempre calada. Nas provas de que participa, tem status de celebridade. Pessoas gritam seu nome no percurso e pedem para tirar fotos na chegada. Ela segue séria, zero deslumbre, quase incomodada com o assédio.
Para ir à cidade fazer compras, Lorena e suas irmãs levam entre três e quatro horas andando. Só os homens da família puderam estudar e, para chegar à escola, caminhavam cerca de cinco horas todo dia. É responsabilidade das mulheres cuidar da casa e dos animais –o que faz com que caminhem quase 10 quilômetros diariamente. Todos os integrantes da família, quando vencem alguma prova, dividem o dinheiro com os outros e ajudam os pais. E, apesar do orgulho pelos bons resultados e pelas grandes conquistas, Lorena não parece ambicionar mudanças drásticas em sua vida. Diz que, quando viaja, sente saudade de sua terra. Revela que já usou shorts para correr, mas sempre debaixo da saia. "Não seria a Lorena sem minha saia", decreta. Ao ganhar um par de tênis, agradece, mas diz que provavelmente não usará. "As pessoas que usam isso estão [nas corridas] sempre atrás de mim."
Em 2018, Lorena viajou para a Espanha para executar o Tenerife Bluetrail e ficou em terceiro lugar depois de correr 102 quilômetros, também com suas sandálias, com as quais já percorreu mais de 500 quilômetros no total, incluindo a Maratona da Cidade do México no mesmo ano. Lorena corre pelas montanhas e rios, veste com orgulho sua saia e blusa tradicionais e nos ensina a nunca desistir. "Enquanto meu corpo me permitir, continuarei correndo", diz ela, uma verdadeira inspiração para todo e qualquer atleta de corrida.
Veja trailer de Lorena dos pés Ligeiros:
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