A Origem

Existem filmes que mexem com a nossa consciência. Porém poucos são os que adentram em nosso subconsciente. A Origem é um destes.

Dirigido por um cirurgião da sétima arte chamado Christopher Nolan, o filme possui uma complexidade de queimar nossos neurônios... Mas isso não é ruim. O filme nos considera seres inteligentes, e nos faz pensar.

Tive o privilégio de ver o filme um dia após sua estréia. Minha esposa cochilou ao longo do filme e como era de se esperar, não entendeu nada do filme. Do meu lado, também estava meu primo Saulo, de apenas 11 anos de idade, que vibrou durante o filme... Isso foi muito relevante, pois sempre o trouxe ao cinema para ver animações, e tive o privilégio de levá-lo pra ver uma obra-prima.

Isso mesmo, um blockbuster/obra-prima. O filme consegue ser cult e pipocão ao mesmo tempo. Possui cenas de ação de tirar o fôlego, um roteiro minuncioso e cheio de camadas, uma trilha sonora capaz de te deixar tenso durante os mais de 140 minutos de projeção e um elenco estrelar encabeçado por Leonardo di Caprio (Dom Cobb), dando um show de atuação. Muito bem acompanhado da bela Marion Cotillard (Mal) num papel extraordinário e coadjuvantes de altíssimo nível: Joseph Gordon-Levitt (Arthur), Cillian Murphy (Robert Fischer), Ken Watanabe (Saito), os veteranos Pete Postlehwaite, Tom Berenger e Michael Caine, além da fabulosa garota prodígio Ellen Page (Ariadne). Me arrisco a dizer que é o melhor elenco que já vi num filme.

A sinopse do filme revela que Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) é um ladrão especializado na perigosa arte da extração, o roubo de valiosos segredos do subconsciente de suas vítimas, enquanto essas estão dormindo. Devido a essa habilidade rara, Cobb passa a ser uma desejável peça do jogo da espionagem corporativa, mas isso também o fez um fugitivo e o extirpou de tudo o que ele já amou nessa vida. É então oferecida a Cobb uma chance de redenção, uma último trabalho que pode lhe devolver a vida. No entanto, Cobb e sua equipe têm que realizar o impossível: implantar uma ideia ao invés de tirar uma. Se eles forem bem sucedidos, terão realizado o crime definitivo. Mas nada pode preparar o time para o inimigo que eles enfrentarão, um inimigo cuja chegada apenas Cobb poderia prever.

Fui ver o filme sem sequer saber da sinopse, apenas o plot principal - trata-ve de um ladrão de sonhos. E isso me fez muito bem, pois pude ir desvendando tudo na sessão de cinema. Não criei expectativa nenhuma quanto ao filme, e isso também foi altamente positivo, para que me apaixonasse pela película.

Os sonhos, já foram retratados em outros filmes, porém a inserção de algo em sua mente através de sonhos, é algo esplendoroso. Todos temos íntima relação com sonhos. E o filme trata indiretamente dos aspectos relativo aos sonhos, dando uma certa realidade a ficção. Percebemos isto quando o filme explica o 'chute' (o que nos acorda e nos tira do sonho), quando ouve-se a música que está tocando dentro do sonho, quando há chuva no sonho devido a vontade de urinar daquele que está sonhando, enfim...

Conforme o filme, o tempo é relativo nos sonhos, mas me arrisco a dizer que na vida real, o tempo também é relativo, afinal, para cada realidade, o tempo parece passar mais depressa, ou devagar... Analisando numa perspectiva cristã, até mesmo Deus já se revelou a homens como Jacó e José do Egito através de sonhos... Logo o tema é extremamente interessante.

Além do fantástico mundo dos sonhos, o filme aborda também a questão da espionagem industrial. Trabalho com segurança empresarial, logo este foi outro fator que me fez gostar do plot deste thriller.

O filme me emocionou em seus vários momentos de clímax, tamanha era a sensação que sentia ao longo da projeção... A ponto de algumas vezes chegar às lágrimas... A montagem do longa me deixou sem palavras. Principalmente no terceiro ato, onde vários eventos, que ocorrem ao mesmo tempo, porém com diferenças de duração... Não entendeu, não tem problema. Veja o filme. Nunca recomendei tanto um filme.

Desde a hora que sai da sala de cinema, o filme não sai da minha cabeça. Durmo e acordo pensando nele. Isso é no mínimo fantástico! O filnal do filme, é você quem cria. Ele não te dá um final exato... É daqueles filmes pra ser debatido, e se for o caso, re-compreendido. Tanto que já li mais de 10 críticas, e ainda não matei minha sede por ler mais e mais acerca do mesmo. Parece que o peão insiste em querer permanecer girando... Mas pra mim ele caiu...

Este é o melhor filme de 2010. Candidato forte a várias estatuetas do Oscar... Se bem que a credibilidade do Oscar está arranhada... Mas um filme que te faz pensar, refletir, se emocionar, ou seja, entretenimento de altíssimo nível. Pra ser visto e revisto nos cinemas, pra se ter na estante encabeçando a coleção, e pra se ter o ingresso guardado. No futuro, esse filme será lembrado, da mesma forma que Matrix até hoje é venerado...