Primeiro blockbuster de 2017 nos cinemas é a adaptação da série de games Assassin's Creed (Reino Unido/França/Hong Kong/EUA, 2016), de Justin Kurzel, que não empolga, desperdiçando todo o potencial da história e acaba não agradando cinéfilos nem os fãs dos jogos da Ubisoft.
O filme inicia em 1986 apresentando um garoto que gosta de aventuras, mas que testemunha o pai assassinando sua própria mãe. Com traumas da infância, Callum Lynch (Michael Fassbender), é mostrado 30 anos depois, preso e desenhando imagens assustadoras, até receber a visita de um padre, em função de sua condenação a morte. Ele acorda no dia seguinte diante de Sofia (Marion Cotillard) que lhe propõe uma nova alternativa de vida, por meio de uma tecnologia revolucionária que destrava suas memórias genéticas, e o permite experimentar as aventuras de seu ancestral, Aguilar, na Espanha do século XV.
Então o filme passa a ter dois ambientes, um com poucas cenas de ação e tomadas bem interessantes, parecendo um game e outro de enrolação e embromação que não levam a nada, tratando de fazer Callum finalmente entender que é descendente de uma misteriosa sociedade secreta, os Assassinos, e que acumula conhecimentos e habilidades incríveis para enfrentar a organização opressiva e poderosa dos Templários nos dias de hoje, na busca pela Maçã do Edén, um artefato que se encontrado, poderia acabar com a violência em virtude de acabar com a possibilidade do livre arbítrio.
A exploração desse tema (o livre arbítrio), não é adequada ao que o filme se propõe. Deveria se ater a questão do entretenimento e não filosofar e perder tanto tempo em questões que não são devidamente esclarecidas, pois é questionável se o fim do livre arbítrio em si, garantiria o fim do problema da violência, como o filme propõe. E outra, um filme violento, criticar indiretamente a violência é fazer pouco caso de si mesmo e querer ser mais do que é de fato. Esse dilema é levado ao personagem principal, que de início volta aos ancestrais por obrigação e no fim, passa a decidir por convicção assumir a herança genética de assassino.
O roteiro do filme não é bem resolvido especialmente ao não tratar os Assassinos como heróis, e os Templários como vilões, uma vez que as ideologias de ambos não podem ser claramente chamadas de certas ou erradas. A edição também compromete um pouco, pois a mudança de ambiente é facilmente percebida e o timing não está adequado... O correto seria talvez depois que mergulhasse no jogo em si, só sair de lá quando finalizasse a missão e não ficar passando de fase em fase... Méritos apenas pros quesitos técnicos do filme, especialmente nas cenas de ação, que Kurzel já tinha realizado com excelência em Macbeth: Ambição e Guerra (2015). Nem com vontade de conhecer o jogo o filme me deixou...
Jeremy Irons é inteligente para escolher os projetos no que trabalha, faz pouco tempo que a vi em Raça e acho que é extraordinária. Sei que a vão passar na TV, é algo muito diferente aos que estávamos acostumados a ver.
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