segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Até o Último Homem


Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento. Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão; Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão. (Isaías 40:28-31)

Drama de guerra Até o Último Homem (Hawksaw Ridge, Austrália/EUA, 2016), de Mel Gibson, é inspirado na história verídica do paramédico Desmond T. Doss (1919-2006), o primeiro Opositor Consciente da história norte-americana a receber a Medalha de Honra do Congresso

No filme acompanhamos a jornada de um menino, que por carregar traumas ligados à violência e obedecer aos mandamentos bíblicos, “não matarás”, decide se alistar para a Segunda Guerra Mundial, mas se recusando a empunhar uma arma no campo de batalha e matar pessoas.
Doss (Andrew Garfield) vive sua juventude caipira no interior do Estado da Virgínia, escalando as montanhas de sua cidade, caminhando pelos bosques e frequentando a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Até que um dia, ele ajuda a salvar a vida de um mecânico, utilizando seu cinto como um torniquete para socorrer o ferido ao hospital. Nesse mesmo dia, ele se apaixona por uma bela enfermeira chamada Dorothy Schutte (Teresa Palmer), decidindo inclusive doar sangue só para estar próximo de sua paixão, com quem ele inicia um belo e recatado relacionamento. Mesmo sendo religioso, e tendo um ofício que o permitiria não se alistar, o rapaz decide se apresentar ao alistamento depois do ataque a Pearl Harbor, como a maioria dos jovens de sua época, mas se recusando a fazer o treinamento bélico devido a suas convicções morais e espirituais.
Ele pretende então se tornar paramédico do exército e ao invés tirar, ele pretende salvar vidas. Assim, Doss teve que travar uma batalha pessoal para sustentar essa determinação de servir ao exército sem pegar em armas. Assumir essa posição diante do batalhão, fez com que ele fosse hostilizado, ridicularizado, surrado, humilhado e até levado a corte marcial por seus comandantes superiores, o sargento Howell (Vince Vaughn) e o capitão Glover (Sam Worthington), que veem a recusa do rapaz em matar o inimigo como um ato de covardia.
O roteiro de Robert Schenkkan e Andrew Knight denota em vários momentos a importância do ambiente familiar na formação do caráter do personagem, especialmente nas conversas com sua mãe Bertha Doss (Rachel Griffiths) e nos dramas de seu violento pai Tom Doss (Hugo Weaving), um alcoólatra sobrevivente e traumatizado com os horrores da Primeira Guerra Mundial, mas que teve a ousadia de ajudar o filho quando ele estava prestes a ser condenado. Doss conseguiu a autorização para continuar servindo, e ao chegar ao campo, na Batalha de Okinawa ele salva praticamente sozinho mais de 75 homens, fazendo de Doss um homem respeitado pela sua tropa, a ponto do batalhão esperar Doss fazer uma oração para eles retornarem no campo de batalha.

A bíblia (Deus falando com o homem) está presente em diversos momentos do filme, e não apenas na cena de abertura com o texto de Isaías 40. Ela está presente no quadro da casa de Doss, quando ainda menino ele observa a cena do primeiro assassinato (Caim e Abel). Foi uma bíblia sagrada o presente que ele recebe de sua namorada antes de se alistar, além disso ela foi sua companhia no alojamento (enquanto outros viam pornografia) e até mesmo no campo de batalha, a palavra de Deus inspirada sempre o acompanhava. Já a oração (o homem falando com Deus) também se faz presente, especialmente nas cenas quando Doss está preso, sendo impedido de ir ao seu casamento e prestes a ser julgado, e especialmente na cena de batalha, quando ele fica sozinho e mantém um emocionante diálogo com Deus, que o capacita para salvar “só mais um” companheiro de guerra, totalizando 75 salvos...
Mel Gibson se mostra em ótima forma, 10 anos depois do seu último filme, o brutal Apocalypto (2006), com suas posições tradicionalistas, o diretor de A Paixão de Cristo (2004) imprime neste longa a força da fé, num roteiro com falas e cenas que remetem literalmente a passagens bíblicas, como quando Doss lava os olhos de um soldado ferido que julgava estar cego e lhe restitui a visão. O tom religioso do filme reforça a contundente mensagem antibelicista.
Desmond T. Doss acabou sendo atingido por uma granada, mas sobreviveu ao campo de batalha, sendo condecorado com duas medalhas Bronze Stars e três Purple Hearts, além da Medalha de Honra do Congresso. É incrível a humanidade e a humildade de Doss, que inclusive recusou diversos convites de adaptação cinematográfica de sua história, alegando que os verdadeiros heróis foram os que morreram em combate, tendo autorizado o produtor Terry Benedict a fazer o documentário The Conscientious Objector , somente às vésperas de sua morte. Trechos dessas entrevistas do documentário finalizam o filme emocionando a plateia.

Os aspectos técnicos do filme também são muito bons, principalmente nas cenas de batalha, onde vemos um show da montagem, e da edição e mixagem de som. Não à toa o filme foi indicado a seis categorias no Oscar 2017, são elas: Melhor Filme, Diretor (Mel Gibson), Ator (Andrew Garfield), Edição, Edição de Som e Mixagem de Som. 

Confira o trailer de Até o Último Homem:

Um comentário:

  1. O filme tem uma história de fé e esperança que me emocionou. Andrew Garfield esta impecável. Ele sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções. Na minha opinião, Até O Último Homen foi um dos mehores filmes de guerra que foi lançado. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio O filme superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento. Além, acho que a sua participação neste filme drama realmente ajudou ao desenvolvimento da história.

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