Drama Neve Negra (Nieve Negra, Argentina, Espanha, 2017), de Matin Hodara tem como maior atrativo o ator argentino Ricardo Darín que vez por outra aparece nos filmes argentinos que felizmente encontram espaço (embora restrito) no circuito comercial. Aqui, temos um drama que subutiliza o talento de Darin, para mostrar o lado negro da humanidade, mesmo num ambiente familiar.
Acusado de matar seu irmão durante a adolescência, Salvador (Ricardo Darín) vive isolado no meio das colinas geladas da Patagônia (embora o filme tenha sido filmado em Andorra). Sozinho há décadas, ele recebe a inesperada visita do irmão Marcos (Leonardo Sbaraglia) e da cunhada Laura (Laia Costa). O objetivo dos dois é que Salvador aceite vender as terras que os irmãos receberam em herança, após o falecimento do patriarca, mas ele não está nem um pouco disposto. Neste local isolado e de difícil acesso, o duelo entre os papéis de vítima e assassino voltam à tona.
O filme cria um tenso ambiente hostil com muita sutileza, especialmente misturando os personagens do passado com os do presente, em planos-sequência que mesclam presente e passado, alternando entre os mesmos personagens com diferentes idades, deixando claro que somos hoje o reflexo do que fomos um dia. No entanto, o segredo do misterioso passado, é fácil de ser percebido pelo público, de modo que a revelação não causa o impacto que deveria.
Assim o desfecho do filme é fraco, e a polêmica decisão final de Laura, nos deixa com o olhar atravessado ao ver a ganância predominando a ética, a moral, a justiça e a verdade. Assim, por mais amargo que o filme seja, ele consegue transmitir o seu fel de modo orgânico, com uma fotografia exuberante e uma montagem coerente.
As atuações estão soberbas. Além da dupla de irmãos interpretada por Leonardo Sbaraglia e Ricardo Darín, destaco a participação de Federico Luppi, no papel de Sepia, o advogado da família. Considerado o maior filme argentino do ano, ele é inferior a filmes de outras safras do cinema dos hermanos.
Veja o trailer de Neve Negra:
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