Drama nacional Veneza (2021) de Miguel Falabella, mostra que não há idade para se realizar um sonho, e que as putas também amam. Misturando realidade com fantasia, o longa é capaz de emocionar aqueles que ainda acreditam no amor. Adaptação da peça argentina Venecia, de Jorge Accame, nos traz um Falabella repleto de influências de Federico Fellini e Pedro Almodóvar.
Reencontrar o único homem que amou é o sonho de Gringa (Carmen Maura), dona de um bordel no interior do Brasil. Mesmo cega e muito doente, ela insiste em realizar seu último desejo: ir até Veneza para pedir perdão ao antigo amante, que abandonou décadas atrás. Para levá-la à cidade italiana, Tonho (Eduardo Moscovis), Rita (Dira Paes), Madalena (Carol Castro) e as outras moças que trabalham para Gringa idealizam um fantástico plano com a ajuda de uma trupe circense. Tonho inclusive presta favores e ajuda a cuidar das coisas em troca de sexo, que recebe sexo como remuneração de seus serviços.
Chama atenção a manutenção do tom teatral da trama, que parece ser uma fábula repleta de cores vivas que realçam na sala escura. Aprofundar a rotina da classe das prostitutas, mostrando inclusive as dificuldades dessas profissionais em conseguirem realizar suas ambições pessoais é louvável. O lado cômico também perpassa todo o filme, e por mais que se utilize de nudez e cenas de sexo, o filme esbanja muita ternura.
Por ter o foco nos personagens, as atuações estão deslumbrantes, até mesmo nos detalhes. Há que se destacar o trabalho da direção de arte de Tulé Peake e especialmente a cinematografia de Gustavo Hadba seja na excelente criação de ambientes, como nos movimentos de câmera todos bem orquestrados. Como dito em certo momento da trama, “a história não é de verdade, mas eu sempre choro”. Assim as artes são a nossa válvula de escape para lidar com a dura realidade que enfrentamos, que só piora à cada dia. A ilusão da realização do sonho da Gringa é poderosa e bem propícia para o período em que vivemos.
Segue trailer de Veneza:
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