quarta-feira, 20 de agosto de 2025

A Hora do Mal

 


Terror A Hora do Mal [Weapons, Estados Unidos], de Zach Cregger (do elogiado e premiado “Noites Brutais”) tem dado o que falar e criado um hype fora do comum. De fato ele é bem interessante. Quando todas as crianças de uma mesma classe – exceto uma – somem na mesma noite e ao mesmo tempo, os moradores da cidade se questionam quem ou o que está por trás deste estranho desaparecimento.



A trama acompanha o misterioso e inexplicável desaparecimento de 17 crianças de uma mesma turma, a classe da professora Gandy (Julia Garner). Numa noite qualquer, exatamente às 2h17 da madrugada, todos os alunos da sala de Gandy acordaram, fugiram de suas casas por livre e espontânea vontade e sumiram – com exceção de um único jovem, o tímido Alex Lilly. Sem nenhum sinal de arrombamento, violência ou sequestro, a cidade inteira passa a exigir respostas sobre o que pode ter acontecido naquela noite. Quem ou o que pode estar por trás deste estranho evento? Gandy vira o principal alvo do escrutínio público, já que todos os moradores do pequeno subúrbio acreditam que ela é a responsável pelo caso. Ao mesmo tempo, uma cidade em luto tenta seguir com sua rotina enquanto os pais lutam para desvendar o que ocorreu e as autoridades buscam por informações pela cidade.

O filme abre com uma narração de uma criança sobre o caso ao estilo de conto de fadas e somos jogados nas repercussões desse evento na sociedade conforme o horror parece refletir a própria instabilidade dos protagonistas. Dividido em capítulos, ao melhor estilo Paul Thomas Anderson, o longa é ousado e inovador. Vamos montando o quebra-cabeças sem pressa e sem sustos desnecessários. O clima de tensão segue numa crescente absurda, tornando o filme uma análise de como nossa sociedade facilmente perde o controle quando algo ruim acontece.

Os personagens que se cruzam, se afastam e se reencontram, até que os mais irrelevantes se tornam essenciais para o desfecho. Primeiro acompanhamos na perspectiva da professora, depois na visão do pai de uma criança desaparecida Archer Graff (Josh Brolin), depois na visão do policial Paul (Alden Ehrenreich). Também temos a visão de um morador de rua e do diretor da escola, além da visão da criança que não desapareceu. Interessante que sempre a visão/opinião da criança fica para o final. Na bíblia há uma fala de Jesus que diz: "Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus. E quem receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe."

Vivemos uma sociedade corrompida, cheia de teorias da conspiração, atentados em colégios, porte de armas indiscriminado, a exposição da vida privada, além da violência infantil e a fachada da família americana perfeita. O filme expõe isso de maneira visceral. O filme não corre em direção ao clímax, pelo contrário, a narrativa expande e subverte o horror de maneira orgânica, acrescentando doses de humor negro que não quebram o ritmo, mas que intensificam o desconforto. Excelente filme.

Veja trailer:




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