quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Os Fabelmans


Drama Os Fabelmans [The Fabelmans, Estados Unidos], de Steven Spielberg (Universal). Elenco: Michelle Williams, Seth Rogen, Gabriel LaBelle. Classificação: 14 anos Apresenta uma biografia da infância, adolescência e juventude de Steven Spielberg, que muito cedo descobriu que “Filmes são sonhos que você nunca esquece”.


Na trama acompanhamos um retrato profundamente pessoal da infância americana do século 20, o filme narra a história de um jovem que descobre um segredo familiar devastador e revela o poder dos filmes para nos ajudar a ver a verdade sobre os outros e sobre nós mesmos.




O filme já chama atenção em seu início, quando o próprio diretor surge em tela, para agradecer a presença do público, dando logo de cara o caráter pessoal do longa. Imergimos então na infância de Spilberg, desde sua primeira ida ao cinema ainda na infância, acompanhado de seus pais, o garoto no filme chamado de Sammy Fabelman (Gabriel LaBelle), vai crescendo no Arizona pós-Segunda Guerra Mundial, e se apaixona por filmes depois de ver no cinema o longa "O Maior Espetáculo da Terra" (1952) de Cecil B. DeMille.

A paixão pela sétima surge de imediato e o fascínio, leva o menino a mergulhar fundo em sua imaginação, quando ele ganha uma câmera e passa a tentar reproduzir a sensação que experimentou na sala escura. Armado com uma câmera, Sammy começa a fazer seus próprios filmes em casa, para o deleite de sua mãe solidária, uma artista que largou sua paixão para constituir uma linda família com quatro crianças. 

Sammy vive com as irmãs (com quem divide momentos ternos e hilários na fabricação de seus filmes) e com os pais, cuja relação e o desenrolar do casamento também o impacta profundamente. O pai, Burt (Paul Dano) é um engenheiro de computação cujo trabalho obriga a família a se mudar com alguma frequência; a mãe, a pianista Mitzi (Michelle Williams) enfrenta alguns dilemas e transtornos que acabam desencadeando os conflitos entre o casal. Me identifiquei demais com as cenas em que o pai critica o filho, mas ao mesmo tempo o incentiva a alcançar seus sonhos.

O tempo passa e ele segue registrando as experiências familiares, desde um acampamento de férias até momentos mais simples, o que hoje qualquer um faz com a tela do celular. A cena da mãe dele dançando de camisola é belíssima. Na trama, não há acontecimentos estratosféricos – e não fazem falta porque, aqui, a vida comum é extraordinária

Acontece que esse olhar mais acurado, lhe dá uma percepção das nuances da vida. Ele aprende então a explorar como o poder dos filmes nos ajuda a ver a verdade uns sobre os outros - e sobre nós mesmos. Assim ele vai lidando desde os problemas pessoais envolvendo seus pais, os bullying sofridos na adolescência após cada mudança de ambiente escolar, até a crise conjugal que desencadeia para uma separação. Há uma cena linda em que Sam encosta suavemente a cabeça em sua câmera de vídeo e o som do rolo de filme rodando é a única coisa capaz de abafar o ruído incômodo da realidade.

Inspirado na própria infância de Spielberg, fica a sensação de que Spielberg conseguiu olhar para o próprio passado e para os indivíduos de sua família mais com ternura do que com algum tipo de ressentimento, Os Fabelmans foi coescrito pelo cineasta em parceria com o dramaturgo ganhador do Prêmio Pulitzer, Tony Kushner (Angels in America, Caroline, or Change), indicado ao Oscar pelos roteiros de Lincoln e Munique, de Spielberg. O filme foi produzido por Kristie Macosko Krieger (Amor, Sublime Amor, The Post: A Guerra Secreta), Spielberg e Kushner. Destaque também para a trilha do inconfudível John Williams, parceiro de longa data de Spilberg.

Como diz um trecho do roteiro: "não consigo imaginar um presente melhor do que este".  

Confira o trailer de Os Fabelmans:


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