Peça Teatral: Fragmentos da Liberdade

A primeira atração da Mostra Cariri que vi foi a peça teatral 'Fragmentos da Liberdade'. Estava acompanhado do Samuel, da Márcia, da Mariana e da Leiliane. A sinopse da peça dizia apenas que trata-se uma peça sobre os 200 anos da independência da Colômbia... Não tínhamos interesse nenhum em ver essa peça, mas como as que tínhamos interesse, e que seriam exibidas no SESC Crato e Galpão das Artes também no Crato estavam lotadas, o jeito foi ir para o SESC Juazeiro ver a peça que ainda estava disponível... Mais por falta de opção... Qual não foi nossa surpresa...

'Fragmentos da Liberdade' trata-se de uma peça que ganhou o Premio Nacional de Criação do Ministério da Cultura 2009. O espetáculo é uma reflexão sobre a liberdade e uma homenagem à memória nestes 200 anos de independência. A história da Colômbia é vista como espelho da história dos outros países do cone Sul, se perguntando até que ponto foi realmente possível transformar as estruturas sociais e simbólicas da colonização nas jovens nações independentes? Conseguimos realmente nossa liberdade ou apenas fragmentos dela?

Apesar do problema do atraso, que mostrou-se justificado devido as mudanças necessárias no cenário e na estrutura do teatro, o tempo que estivemos na fila foi proveitoso para ouvirmos diálogos de alto nível na porta do teatro... Ainda envolvendo assuntos levantados na palestra de Ariano Suassuna na Abertura da Mostra SESC Cariri... A conclusão que chegamos é que os moradores do Crato são altamente envolvidos com o assunto Cultura, diferente dos moradores de outras cidades...

A peça em questão, foi uma experiência fantástica. Fomos remetidos para os tempos em que os índios predominavam nas terras colombianas e da América do Sul como um todo... A peça permeia o período de invasão européia, bem como a colonização, com cenas marcantes, e uma atuação espetacular de todos os atores... Alguns nos assustavam com uma interpretação digna de Oscar...

A trilha sonora era tocada pelos próprios atores, ao mesmo tempo em que atuavam. E o detalhe é que não eram instrumentos simples, e sim rústicos, o que deixou a peça com uma sonoplastia incrível.

Algumas cenas permanecerão por muito tempo em minha mente. Posso citar a cena do índio se degladiando com o conquistador, terminando com o índio aprendendo o novo idioma. A cena seguinte mostra o índio interpretando o que o conquistador fala para os deuses tribais... Minhas palavras não capazes de narrar tal cena...

Outra cena marcante, é a cena em que a bandeira é reformada. Ela é mostrada num telão, ao mesmo tempo em que a personagem executa uma transformação na bandeira, utilizando um pedaço de carne representando um coração, cruzes no formato de palitos e bonecos... Dentre os recortes realizados na bandeira, a Liberdade fica de fora... Sei que estou sendo prolixo, mas a peça merece uma análise e um comentário mais aprofundado.

Apesar de tantas qualidades, a maior virtude desta peça, é a interação com o público. Ao longo do espetáculo, participamos de modo indireto da exibição, seja sendo servido por um biscoito, ou por um copo de cachaça... Porém o melhor da peça, era o Paredão de Fuzilamento... A platéia foi dividida em dois grupos, os atores seriam um terceiro grupo. Houve perguntas de História, quem errasse, seria 'apredejado' por massinhas que foram distribuidas... Lógico que ninguém saiu ferido, havia uma cortina plástica que protegia os grupos dos ataques... Foi o ponto alto da noite...

No final, ainda tiramos fotos com os atores. Foi uma grata surpresa, e talvez a melhor peça que vimos nesta edição da Mostra SESC Cariri de Cultura.