Documentário Crip Camp: Revolução pela Inclusão (Crip Camp: A Disability Revolution, 2020) dirigido, escrito e co-produzido por Nicole Newnham e James LeBrecht. Conta com Barack e Michelle Obama como produtores executivos e narra uma trajetória de luta por direitos inclusivos dos portadores de necessidades especiais. Me fez lembrar meus tempos de faculdade, onde junto com o amigo Cilas a partir de 2002, lutamos para que uma rampa fosse construída na Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAACs) da Universidade Federal do Ceará (UFC).
O documentário apresenta um acampamento ao melhor estilo Woodstock mudou o mundo e ninguém conhecia essa história... O filme mostra como aquele local transformou a vida de um grupo de adolescentes e, a partir dali, ajudou a mudar os direitos civis americanos.
O acampamento Jened, fundado em 1951 e fechado após o verão de 1977, parece em muitos aspectos como qualquer outro alojamento de jovens na era do amor livre. E justamente por ser assim, tão normal, é que evidencia seu maior triunfo: não havia tratamento diferenciado para seus frequentadores, todos jovens e adultos com algum tipo de deficiência, física ou intelectual, de variados graus e níveis de lesão, e em alguns casos com comprometimentos de comunicação.
Todo ano, o acampamento localizado nas montanhas de Catskills, no estado de Nova York, recebia dezenas de jovens com deficiência que encontravam ali um lugar onde poderiam ser quem eles eram: adolescentes. Piadas sujas, festas, música, paquera, desabafos: muito da convivência natual e sem barreiras entre eles foi registrado em imagens em preto e branco pela câmera de LeBrecht, nascido com uma malformação congênita chamada espinha bífida, na época em que ele frequentou o local. Os monitores do acampamento eram jovens estudantes, sem deficiência, trabalhando como temporários. É fácil se deixar levar pela ideia de que, ali, os visitantes não estariam tendo o resguardo que recebiam em casa, mas era justamente por isso que eles se sentiam tão livres. Em rodas de conversas, eles expressavam sobre como se sentiam sufocados pela superproteção da família e até sobre a privacidade que desejavam.
A experiência do alojamento fomentou um senso de comunidade único que alimentou diretamente o movimento americano pelos direitos das pessoas com deficiência na década de 1970. E é aí que 'Crip Camp' se torna um filme tão necessário para entender a difícil luta pela qual tiveram que passar. Naquela época, o mundo era bem diferente. Não havia rampas de acessibilidade nas ruas. Não havia Braille nos botões do elevador. Crianças em cadeiras de rodas eram rejeitadas em escolas por serem consideradas "riscos de incêndio".
Judy Heumann, vítima de poliomielite aos 18 meses de idade e uma das frequentadoras mais ativas do acampamento, é um dos personagens principais dessa mudança nos Estados Unidos e que inspirou mundo afora. No acampamento, ela organizava sessões de conversa em grupo em que todos tinham o direito de se expressar e se manifestar, inclusive aqueles com dificuldades severas de linguagem, e todos eram ouvidos. Fora dali, ela se tornou figura pública ao participar da Ocupação 504 em 1977, um protesto que levou a mudanças significativas nas leis de reabilitação do país, onde um grupo ficou acampado num prédio público do Departamento de Saúde, Educação e Bem-Estar de San Francisco até que fossem aprovadas leis por direitos iguais. Heumann, que hoje tem 72 anos, trabalhou como assessora especial para assuntos ligados aos Direitos da Pessoa com Deficiência no governo do ex-presidente Barack Obama.
Acompanhe o trailer de Crip Camp: Revolução pela Inclusão:
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