domingo, 6 de abril de 2014

Filme - Entre Nós


Na noite deste domingo, 6 de abril de 2014, fui ao cinema ver "Noé", mas um dilúvio de pessoas fizeram com que todas as sessões estivessem lotadas, então optei pelo drama nacional "Entre Nós" e me surpreendi com um excelente filme.

A história se inicia em 1992, quando 7 jovens amigos (escritores) viajam para uma casa de campo para celebrar a publicação do primeiro livro do grupo. Lá, além de beberem e fumarem muito, eles escrevem cartas para si mesmos, com a condição de serem abertas apenas 10 anos depois. A viagem que a princípio era só alegria, termina com uma tragédia que resulta na morte de um dos amigos. Eles ficam 10 anos sem se ver, mesmo assim, eles cumprem o combinado e se reúnem para lerem as cartas.  No entanto, este reencontro traz à tona antigas paixões, novas frustrações e um segredo mal enterrado.
 
 
 

Felipe (Caio Blat) carrega o trauma de ter sobrevivido ao acidente que resultou na perda do amigo Rafa  (Lee Taylor). Além disso, ele possui outro grande segredo enterrado, mas pouco a pouco seus amigos vão descobrindo  que o sucesso de seu romance, se deve ao talento do falecido companheiro. O tempo também é um personagem importante na trama, pois tudo gira em torno dele e do que eram aqueles jovens e das pessoas que eles se tornaram 10 anos depois. Daqui há uns anos, ficaria feliz em ver num longa esse turma se reencontrando em 2012



O clima de amizade predominante entre o elenco é o ponto forte do longa. Caio Blat e Maria Ribeiro são casados. Eles são muito amigos da Carolina Dieckmann, que já trabalhou com Paulinho Vilhena (que ao lado da Martha Nowill servem como alívio cômico em alguns momentos, mas possuem também personagens densos e que inclusivem lidam com a depressão emedicação controlada). Somado a  isto, temos o período de confinamento (pré-produção) que levou os atores a imergirem em seus personagens. Assim a parceria e cumplicidade dos personagens é plenamente crível. Júlio Andrade que atuou no recente "Serra Pelada" e aqui novamente incorpora um personagem com perfeição e nos entrega Café (os críticos de cinema vão adorá-lo).

O diretor Paulo Morelli nos presenteia com seu melhor longa. Seu filho Pedro Morelli atuou como co-diretor de Paulo Morelli que é o responsável por "Vips" e "Cidade dos Homens" dois filmes nacionais que gostei bastante. Algumas cenas são extremamente marcantes. Cito por exemplo o jantar onde os personagens falam sobre o atual momento (2002, com citações ao 11 de setembro, a Copa de 98 e 2002, Ronaldo Fenômeno, etc) e a cena de sexo no balançador. Isso sem falar no clima de suspense que permeia todo filme, no excelente uso da fotografia de uma linda região serrana, enquadramentos diferenciados nos primeiros planos, que nos prendem cada vez mais ao que está sendo contado.

A canção "Na Asa do Vento" é muito bem aproveitada nos dois momentos do longa, tanto em 1992, quanto em 2002, além dos créditos finais. O filme consegue retratar o amadurecimento juvenil, o amor entre amigos e entre homem e mulher, o sexo casual e aquele para se ter filhos, a questão da traição, do fracasso na vida profissional e sentimental, ou seja, mudanças que ocorrem na vida das pessoas ao longo de 1 década, em uma história profunda.
Isso mostra que o cinema brasileiro tem potencial, não fossem os altos investimentos nas comédias toscas, que inundam a sala de cinema e acabam tento mais público do que obras como esta. A mensagem do filme é, nem sempre nos tornamos aquilo que um dia sonhamos ser. Recomendo. Nota: 10,0/10,0.


Segue trailer:

Um comentário:

  1. Gostei demais deste filme também. Acabei de ler o teu texto e achei um dos seus mais inspirados

    ResponderExcluir

Isso! Comente! Faça um blogueiro feliz!

Compartilhar