Na tarde do dia 7 de agosto de 2014, vi o longa nacional "O Homem das Multidões", último filme da Trilogia da Solidão, que o diretor Cao Guimarães vem trabalhando nos últimos dez anos. Os anteriores são "Alma de Osso" (2004) e "Andarilho" (2007).
O filme é baseado no conto homônimo do poeta e escritor Edgar Allan Poe, e
se passa em Belo Horizonte/MG e nos apresenta 2 estórias de solidão diferentes.
Juvenal (Paulo André), é condutor de trem do metrô, enfrenta a
impossibilidade de estar só. Seu passatempo é caminhar sozinhos nas ruas desertas pela madrugada.
Para se sentir melhor, ele se mistura na
grande multidão da cidade. Já Margô (Sílvia Lourenço), é controladora de uma
estação do metrô, e não consegue se desprender das redes sociais, trocando
o mundo real pelo mundo virtual.
A solidão é abordada de maneira direta, tanto no enquadramento, quanto na rotina dos personagens, além dos pouquíssimos diálogos. Acredito que o homem não foi criado para viver só. Em Gênesis 2:18, ao ver sua criação sozinha pelo Jardim do Éden, Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda".
A Banda Resgate na música "Solidão" já dizia que "O tempo não caminha na mente de quem vive só". E assim vamos vendo a vida monótona dos personagens e nos enfadando com tanta falta de vivacidade. Não me vejo levando uma vida solitária, sem família, sem amigos. Lamento quem vive em tal circustância. Então não tive identificação com o filme nesse sentido.
Quando os personagens principais se encontravam, era difícil ter um diálogo, o silêncio reinava absoluto. Como uma pessoa vive com apenas um copo? Isso pra mim chega a ser loucura. Renato Russo na canção "Esperando Por Mim" já dizia que "o mal do século é a solidão".
É um paradoxo, vivermos cercados de tantas tecnologias que facilitam a comunicação, e em plena era da informação, as pessoas viverem solitariamente.
O que chama atenção é o fato dele ser o primeiro longa-metragem quadrado do mundo, pois seu formato é todo em 4:4, sendo que no cinema, estamos mais do que acostumados ao wide screen. Isso causa uma espécie de claustrofobia cinematográfica, de modo que sentimos um incômodo tal qual o de sentir-se só. Lamento esse formato está em moda, devido ao Instagram, que tem reforçado conceitos de egocentrismo e individualismo, não mostrando o que existe ao
redor, apenas a parte central da imagem.
O filme ganhou Prêmio Especial do Júri e o de Melhor Fotografia (Mayahuel Award) no Festival de Guadalajara 2014. Foi indicado ao Grande Prêmio do Júri no Festival de Miami 2014. Ano passado Cao Guimarães e Marcelo Gomes ganharam o prêmio de Melhor Diretor (Première Brasil) no Festival do Rio.
Segue trailer:
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