Na noite do dia 31 de julho de 2013, fui ao UCI Cinemas do Shopping Iguatemi ver o novo filme de Terrence Malick 'Amor Pleno'.
O filme apresenta um homem chamado Neil (Ben Affleck), descontente com a sua vida, viaja a Paris e
inicia uma profunda relação amorosa com uma europeia (Olga Kurylenko).
Ele volta para os Estados Unidos e se casa com esta mulher, para
ajudá-la a ter a permissão de estadia americana. Mas após o casamento, a
relação dos dois se degrada. Neste momento, ele encontra uma antiga
namorada (Rachel McAdams), com quem inicia um novo romance.
Este foi o menor intervalo entre dois filmes do diretor Terrence Malick,
que já ficou um período de vinte anos sem assumir uma nova produção. Sua carreira é composta de apenas seis filmes. O anterior foi 'Árvore da Vida', e 'Amor Pleno' de certa forma continua a temática iniciada neste último. A sinopse acima, vende o filme de maneira errada.
O filme é difícil de ser visto, por ser poético. Trocando diálogos frívolos pela narração voice-over e apostando em belíssimas imagens para narrar acerca do amor, o mais nobre dos sentimentos. Ou seja, o público é tocado mais sensorialmente do que pela narrativa em si.
O filme estabelece a não comunicação entre os personagens e reflete de certa forma o modo como vivemos nossos relacionamentos, sem expressarmos em palavras aquilo que sentimos em nosso ser. Vivemos numa sociedade onde as pessoas preferem trocar SMS a se cumprimentar estabelecendo um diálogo. Assim o desgaste da relação conjugal ocorre naturalmente.
A beleza da natureza está presente ao longo de todo o filme, através de animais e plantações que interagem diretamente com os personagens do filme. Os méritos devidos devem ser dados ao diretor de fotografia Emmanuel Lubezki. O filme mostra também as mudanças que o homem realiza na criação, para extrair dela recursos (vemos no filme refinaria de petróleo, posto de combustível, desapropiações, etc), e as alterações provenientes dessas mudanças (fúria das ondas, por exemplo).
A religião também é abordada ao longo de todo o filme, especialmente no personagem do padre, que mesmo em crise de fé, se debruça na bíblia e retira dela diversos ensinamentos, muitos deles acerca do amor pleno, que só é possível encontrar em Deus, embora muitas vezes ele pareça estar distante ou ausente.
Vejam um trecho do filme: "Ensina-me a te procurar. E me acompanhes, esteja em mim, no meu
coração. Inunda as nossas almas com o teu espírito e vida, tão
completamente que as nossas vidas apenas poderão ser um reflexo da tua e
brilhe através de nós. Ensina-nos a te procurar, pois fomos feitos para
te ver". Há também uma citação da carta de Paulo aos Romanos que diz: "todas as coisas contribuem para o bem".
O elenco está bem para a proposta do filme, especialmente Olga Kurylenko, que atua de corpo, alma e coração, embora seja incompreendida pela público, que na sessão que vi, criou antipatia pela personagem, afinal ela reflete o ser humano, e nós somos criaturas cheias de falhas. Originalmente, Christian Bale iria interpretar Neil, mas o ator acabou
abandonando o personagem, que foi assumido por Ben Affleck, que pretendia tirar umas férias após 'Argo', mas teve seus planos cancelados com o convite de Malick.
Malick pediu ao ator Javier Bardem para seguir o fotojornalista Eugene Richards e discutir com prisioneiros, como faz o Padre que interpreta em 'Amor Pleno'. Bardem também conversou com sacerdotes para absorver as suas histórias de vida.Assim, sua interpretação ficou bem convincente.
To the Wonder (título
original) faz referência ao Monte Saint-Michel, também conhecido como
"La Merveille", local onde foram realizadas algumas filmagens. Vários atores participaram das filmagens de 'Amor Pleno', mas foram cortados durante a montagem. Estão na lista (Rachel Weisz, Jessica Chastain, Michael Sheen, amanda Peet e Barry Pepper.
É incrível ver o filme e sentir a reação da platéia, tão desacostumada com o cinema-poesia. Muitos desistiram durante a projeção, e os que ficaram até o fim saíram reclamando que não entenderam nada. Uma loira até se achou muito 'burra'... O público está muito acostumado com filmes enlatados e rejeitam uma película tão saborosa quanto 'Amor Pleno'. Não é um filme para ser assistido, mas uma obra de arte a ser contemplada.
Vejam trailer:
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