Primeiro filme de super herói de 2018, Pantera Negra (Black Panther, Estados Unidos, 2017) de Ryan Coogler chama atenção por abordar temas importantes como injustiças praticadas aos negros, cultura africana e relacionamentos políticos, afinal sábios constroem pontes, tolos erguem barreiras. O vilão é mais interessante que o personagem principal e sua motivação é tão clara, que chegamos a torcer por ele. O destaque negativo é o 3D, que especialmente nas cenas coreanas deixam a plateia com náuseas.
Enfim conhecemos a história de T'Challa (Chadwick Boseman), príncipe do reino de Wakanda, que perdeu o seu pai o rei rei T'Chaka (John Kani) no filme Vingadores: Era de Ultron (Avangers: Age of Ultron, 2015), de Joss Whedon quando ele viajou para os Estados Unidos, e teve contato com os Vingadores. Entre as suas habilidades estão a velocidade, inteligência e os sentidos apurados.
Quando ele retorna a Wakanda para a cerimônia de coroação, vemos a reunião com as cinco tribos que compõem o reino, sendo que uma delas, os Jabari, não apoia o atual governo. T'Challa logo recebe o apoio de Okoye (Danai Gurira), a chefe da guarda de Wakanda, da irmã Shuri (Laetitia Wright), que coordena a área tecnológica do reino, e também de Nakia (Lupita Nyong'o), a grande paixão do atual Pantera Negra, que não quer se tornar rainha. Juntos, eles estão à procura de Ulysses Klaue (Andy Serkis), que roubou de Wakanda um punhado de vibranium, alguns anos atrás.
É muito interessante esse retorno da Marvel a ideia original de ambientar a realidade de um herói específico, como foi o seu início com Homem de Ferro (Iron Man, 2008) de Jon Favreau há dez anos. A cultura africana é destacada ao longo do filme, seja na trilha sonora com tambores tocando, figurino rebuscado, utilização de danças e lutas, ou na fotografia paisagística que utiliza-se inclusive de tomadas das Cataratas do Iguaçu.
No entanto, a questão política, especialmente relacionada as questões raciais são prepoderantes ao longo do filme. O vilão Killmonger (Michael B. Jordan) é muito bem constituído e pode facilmente ser traçado um paralelo entre os ideais de Martin Luther King (uma espécia de T'Challa) e Malcolm X (mais radical como o Killmonger) a respeito da posição dos negros na sociedade norte-americana, lá pela década de 60. Destaca-se nesse aspecto a direção de Ryan Coogler que já tinha demonstrado saber abordar questões raciais no excelente Fruitvale Station - A Última Parada (2013).O filme consegue ainda abordar pontos relacionados a questão de refugiados, tão em voga atualmente.
Não bastasse tudo isso, o filme consegue ser ainda feminista ao lidar com excelente atrizes interpretando ótimos papéis. Lupita Nyong'o e Letitia Wright se destacam como mulheres fortes e decididas, que se destacam na estrutura de poder de Wakanda. Assim, o filme não é uma continuação direta de Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War, 2016) de Anthony Russo e Joe Russo, mas se insere bem no universo cinematográfico da Marvel.
Veja trailer de Pantera Negra:
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