sábado, 10 de fevereiro de 2018

Eu, Tonya


Drama biográfico Eu, Tonya (I, Tonya, Estados Unidos, 2017) de Craig Gillespie narra a vida da ex-patinadora no gelo Tonya Harding, que durante a década de 1990, conseguiu superar sua infância pobre e emergir como campeã do Campeonato de Patinação no Gelo do Reino Unido e segunda colocada no campeonato mundial. Porém, ela ficou realmente conhecida quando seu marido, Jeff Gilloly, e dois ladrões tentaram incapacitar uma de suas concorrentes quebrando a perna dela durante as Olimpíadas de 1994, num dos maiores escândalos da história do esporte nos Estados Unidos.
Desde muito pequena exibindo um talento nato para patinação artística no gelo, Tonya Harding (Margot Robbie) cresceu se destacando no esporte, tanto por sua beleza, quanto pela capacidade de realizar difíceis movimentos na patinação artística, apesar de sua origem humilde, num esporte  bem elitista. A garota cresce tendo que aguentar os maus-tratos e humilhações por parte da agressiva mãe LaVona Golden (Allison Janney), que é uma figura extremamente debochada, sarcástica, irônica, e egoísta ao ponto de querer controlar e manipular a vida da filha. Entre altos e baixos na carreira e idas e vindas num relacionamento abusivo com Jeff Gillooly (Sebastian Stan), a atleta acaba envolvida num plano bizarro durante a preparação para os Jogos Olímpicos de Inverno de 1994, quando às vésperas dos Jogos, sua principal concorrente foi brutalmente atacada, anulada das competições. Tonya, o ex-marido, Jeff Gillooly, e o segurança pessoal dela, Shawn ((Paul Walter Hauser), foram responsabilizados judicialmente pelo atentado.

Chama atenção no filme, o fato dele não se levar a sério, e mostrando que o estilo de vida do american way life é e sempre foi uma farsa, algo que foi abordado também no recente Suburbicon - Bem-vindos ao Paraíso (Suburbicon, Estados Unidos, 2017) de George Clooney e a cena de Tonya confrontando um juiz de patinação dentro de um carro, após um evento, é inconteste quando ele fala que as notas são dadas também em função da imagem que eles querem passar do esporte, e que a vida conturbada de Tonya influenciava seus resultados.

Destaca-se o texto do roteirista Steven Rogers, no formato de um falso documentário, como vimos no recente Feito na América (American made, Estados Unidos, 2016) de Doug Liman, que também é uma história icônica sendo contada com esse formato. Aqui chama atenção o fato de cada persona contar sua versão dos fatos. Corrobora também com a trama o fato do excelente trabalho de maquiagem, figurino e direção de arte, especialmente quando tentam tirar a beleza de Margot Robbie, que atua com competência, especialmente no sotaque caipira de sua personagem e nas cenas que envolvem técnicas de patinação no gelo.

Por fim, o filme acaba sendo uma grande piada, mostrando como nós seres humanos somos capazes de gerar pessoas que tem atitudes absurdas, seja ao cultuar uma celebridade, ao julgar pelas aparências e a valorizar aquilo que não é importante. Não há como julgar Tonya, a grande guerreira, que acabou sendo também a maior prejudicada. O filme oferece belas cenas de patinação artística, com uma câmera que dança junto com a personagem. O clima de tensão em meio ao tom pastelão é tão inesperado que surpreende.

Veja o trailer de Eu, Tonya:

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