terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Filme: O Lobo de Wall Street
Na noite do dia 28 de janeiro de 2014, vi o novo filme de Martin Scorcese, com Leonardo DiCaprio "O Lobo de Wall Street". O Carlos Henrique me propôs essa sessão, mas não pode comparecer por motivos pessoais. Eu estava com biscoito wafer Bauducco, batatas Sensação e suco Tampico para ver este filme de 3 horas de duração. Recomendo ler meus comentários ao som da música "Lobo Mau" do Fruto Sagrado.
Existem muitos pastores de igrejas evangélicas, que agem da mesma forma que Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio), com garras afiadas, esteria total, meias verdades e muita enganação. As "pregrações" motivadoras de Jordan ao longo do filme, mostram claramente como a arte de enganar está presente em muitos púlpitos. Ser corretor da bolsa de valores em Wall Street era seu nobre sonho e durante seis meses, trabalhou duro em uma corretora, seguindo os ensinamentos de seu mentor Mark Hanna (Matthew McConaughey), que é viciado em sexo e drogas.
O sonho de Jordan cai por terra quando finalmente ele consegue ser contratado como corretor da firma, no mesmo dia em que acontece o Black Monday em 1987, e que fez com que as bolsas de vários países caissem repentinamente.
Da noite para o dia, Jordan se vê sem emprego. Sua esposa, que sempre o incentivou, mantém a chama da esperança acesa. Jordan demonstra ser bastante ambicioso, tanto que almeja ser milionário. Ele acaba trabalhando para uma empresa de fundo de quintal, que não estão na bolsa de valores. É lá que Belfort tem a ideia de montar uma empresa focada neste tipo de negócio, cujas vendas são de valores baixos mas, em compensação, o retorno para o corretor é bem mais vantajoso.
Quando começa a fazer sucesso, conhece Donnie (Jonah Hill) que têm a mesma ambição de Jordan. Assim, junto com outros amigos, ele cria a Stratton Oakmont, uma empresa que faz com que todos enriqueçam rapidamente e, também, levem uma vida dedicada ao prazer [luxúria, fornicação, libertinagem, drogas e outras obras da carne (Gálatas 5:19-21)]. Já nas cenas iniciais, é interessante mencionar a quebra da quarta parede do cinema, quando os personagens dialogam com a platéia, convidando-os para apreciarem a depravação que está por vir.
Em uma entrevista a uma revista famosa, ele é apelidado de "O Lobo de Wall Street" e fica satisfeito com a alcunha, seguindo tirando o dinheiro das famílias e gastando com festas altamente libidinosas. Numa delas, ele se apaixona por uma bela mulher (interpretada pela estonteante Margot Robbie), trai descaradamente sua primeira esposa (que sempre esteve ao seu lado) destruindo seu primeiro casamento.
Algumas cenas chegam a ser chocante, com o hedonismo (filosofia do prazer) mostrado descaradamente em diversas cenas (uma específica que me chamou a atenção ocorre dentro de um avião...) O culto ao prazer é exposto em muitas outras cenas, onde o nu é exposto de maneira vulgar, mas sem ser apelativo, por assim dizer... Os mais puritanos sairão do cinema antes do primeiro terço do filme.
Após ganhar muito dinheiro, começa a ser investigado pelo FBI pelos seus crimes. Mas de que adianta punir um milionário com prisão domiciliar... Sua punição acaba se tornando uma recompensa. O problema é que o poder, gera a ânsia por mais poder. Jordan perde então sua segunda esposa, mas ele já era um ícone de sua geração. O mais incrível de tudo neste roteiro, é que a história de Jordan não é inventada e sim baseada em fatos reais, da sua autobiografia escrita por ele próprio. Não vemos aqui um julgamento dos personagens, nem pedidos de desculpas pelo que foi mostrado. Scorsese expõe a realidade nua e crua.
A bíblia diz em Provérbios 10:3 que "O Senhor não deixa o justo passar fome, mas frustra a ambição dos ímpios." O apóstolo Paulo escrevendo aos Filipenses, diz que não devemos fazer as coisas por ambição egoísta ou por vaidade, mas devemos humildemente considerar os outros superiores a nós mesmos. (Filipenses 2:3) Já Tiago em sua carta afirma que "onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males." (Tiago 3:16). Tudo isto é visto muito claramente no longa.
João 10 fala de uma parábola citada por Jesus acerca do pastor e de seu rebanho. Jesus se compara a porta por onde as ovelhas passam e afirma que é o bom pastor e que dá a sua vida pelas ovelhas. Posteriormente, cita que o pastor "assalariado" não é o pastor a quem as ovelhas pertencem. Estes, quando vê que o lobo vem, abandona as ovelhas e foge. Então o lobo ataca o rebanho e o dispersa. Sou a favor que pastores evangélicos recebam salário, mas isto é assunto pra uma outra postagem. Cabe aqui apenas a comparação do Jordan, com falsos pastores que existem na igreja evangélica.
Infelizmente, no meio cristão, existem pastores que pregam a Cristo por ambição egoísta. Poderia citar algumas denominações, mas você caro leitor, certamente sabe a quais igreja eu me refiro. Lobos em peles de cordeiro, enganando suas ovelhas, e com interesse de ficarem ricos às custas de um pseudo-evangelho, onde ao invés de pregarem o sacrifício de Cristo pela redenção dos pecadores, ameaçam com o fogo do inferno aqueles que não forem fiéis dizimistas.
Este filme é obrigatório para quem gosta de cinema, por mais amoral e subservivo que possa ser (sua censura é 18 anos). As 5 indicações ao Oscar (Filme, Direção, Ator 'DiCaprio', Roteiro Adaptado 'Terence Winter' e Coadjuvante 'Jonah Hill' não foram à toa. Talvez o filme não arrebate nenhuma estatueta, merecia um prêmio pela montagem, pois incrivelmente ao longo de 180, o filme ainda consegue ser ágil... Martin Scorcese prova porque é um dos melhores diretores atuantes no cinema mundial. Recomendo. Nota: 8/10.
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