quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Azul Resplendor no Sesc Ginástico
Na noite do dia 30 de janeiro de 2014, estive com o meu tio Fernando vendo a excelente peça teatral "Azul Resplendor" no Sesc Ginástico, Rio de Janeiro.
A peça é uma belíssima homenagem ao fantástico mundo do Teatro. Sou fã de teatro, mas em Fortaleza, o acesso a este tipo de entretenimento é muito restrito. Não encontramos preços populares para peças de alto gabarito como "Azul Resplendor". Sei que os custos são altos, então aproveitei minha rápida passagem pela cidade maravilhosa para conferir este espetáculo que trata das relações complexas que existem entre os envolvidos na criação de um espetáculo teatral.
Fica muito claro, e é exposto no palco, a questão da vaidade, dos jogos de poder, dos afetos e desafetos, das frustações, enfim, tudo que ocorre nos bastidores de uma apresentação, desde a concepção da ideia até a sua realização. Não imagino que tenha sido uma tarefa fácil mostrar no palco o que acontece atrás das cortinas. E somos curiosíssimos para saber o que se passa fora dos holofotes. Felizmente o texto do peruano Eduardo Adrianzén nos permite esse vislumbre. Vivemos numa época de culto às celebridades. No roteiro, percebemos uma crítica inteligente e bem humorada do interesse que os artistas despertam na sociedade. Em tempos de Internet, a vida de todos é de certa forma pública, e o interesse pelas celebridades só têm aumentado.
O elenco da peça é um show à parte. Talvez seja o grande trunfo, em especial a participação da excelente Eva Wilma, que com 80 anos de idade, e 60 de palco, ainda dá um show de interpretação. Ela já participou de 28 peças teatrais, 24 filmes, mais de 60 trabalhos na TV (entre mini-séries, seriados, tele-teatros e novelas). Poder rir de si mesma numa personagem tão paradoxal é uma oportunidade de poucos. Sorte a dela da existência de uma papel como este de Blanca Estela Ramírez (Eva Wilma).
Sua personagem é considerada uma das maiores estrelas de seu tempo, a atriz deixou os palcos no auge de sua carreira, sem dar maiores explicações. Desde então, vive só e reclusa. Seu retiro voluntário é então abalado por uma visita inesperada.
No apagar das luzes, onde o fogo exibe uma coloração de azul resplendor, a grande dama do teatro nacional terá de enfrentar a performance mais importante de sua vida ao receber de Tito Tápia (Renato Borghi, que também é o diretor da peça), ator sem nenhuma expressão na cena teatral, que passou a carreira fazendo personagens insignificantes, “pontas”, como se diz no jargão dos atores. Tápia retirou-se do palco há muitos anos para cuidar da mãe doente. Quando ela morre, Tito decide revolucionar sua vida. Seu primeiro ato de coragem é procurar a mulher que dominou sua imaginação desde a juventude: a grande Blanca Estela Ramírez.
Com um investimento altíssimo da herança de sua mãe, Tápia contrata o diretor teatral mais respeitado e badalado do país, Antonio Balaguer (Dalton Vigh). Sempre envolto em polêmicas, ele é cultuado como um grande gênio da vanguarda. Dono de um estilo magnético e inconfundível, o diretor provoca reações extremas entre seus pares e o público. Ninguém fica indiferente diante de Antônio Balaguer. No ápice de seu sucesso, o consagrado artista recebe a proposta irrecusável de dirigir a peça mostrada dentro da peça ("A Origem" feelings.)
Então, somos apresentados a fiel assistente de Antônio Balaguer, Glória (Luciana Borghi). Aquela que é responsável por organizar de maneira impecável as produções e a vida do “gênio”. No passado, foi uma grande promessa como diretora teatral, mas agora é uma mera desconhecida.
Por fim os atores. Primeiro a melhor atriz da nova geração, Luciana Castro (Lu Brites). Protagonista absoluta em teatro, cinema e televisão. Completamente focada em sua carreira, a jovem diva é cobiçada pelas maiores produções do país. Sua presença garante uma aura de qualidade imediata a qualquer obra de ficção em que esteja envolvida. Sabe como exercer grande fascínio sobre seus diretores. É a atriz preferida de Antônio Balaguer. Depois o musculoso Giancarlo Varoni (Felipe Guerra), um ex-modelo revelado em um reality show de sucesso. Sua beleza apolínea acabou por transformá-lo no galã mais desejado da televisão. Seu talento como ator é questionável, mas sua capacidade para administrar bem a carreira é incontestável. Apesar de não gostar de teatro, o jovem astro sabe que trabalhar com diretores importantes como Antônio Balaguer irá “agregar valor” ao seu currículo.
Vemos então uma deliciosa montagem, com um homor próprio, e um charme elegante com várias tomadas criativas, como as que envolve um pequeno palco (no formato de uma TV) e a antológica cena da coletiva de imprensa às vésperas do lançamento da peça. Altamente recomendado. Nota: 10/10.
Segue teaser:
Azul Resplendor. Venha assistir! from Azul Resplendor on Vimeo.
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