Na tarde/noite do dia 23 de janeiro de 2014, fui mais uma vez ao Cinema Dragão-Fundação, dessa vez com o amigo Márcio Oliveira, ver o filme "Ninfomaníaca - Volume 1".
Conforme a psiquiatria, ninfomania é a tendência, nas mulheres, para o abuso do coito. Eu diria que é um desejo sexual doentio, de caráter patológico, um vício, uma compulsão. Embora possa parecer estranho, existem pessoas em nosso mundo que são acometidas de tal patologia. O filme de Lars Von Trier "Ninfomaníaca - Volume 1" nos apresenta a história de uma personagem chamada Joe (interpretada na fase adulta por Charlotte Gainsbourg) que enfrenta este problema. Ela é encontrada por um homem mais velho, Seligman (Stellan Skarsgard), a quem narra suas desventuras sexuais.
A cena inicial do filme é de extrema poesia. Após um periodo de silêncio e escuridão, o diretor nos apresenta o beco aos poucos. As paredes, a chuva/neve que cai, as latas de lixo, até qua a câmera flagra uma mulher bastante machucada e largada em um beco. A impressão que temos, é que Joe está ali abandonada há muito tempo. Quando enfim é encontrada, Seligman lhe oferece ajuda, mas ela não quer que chame ambulância, ou polícia. Aceita apenas um xícara de chá. Seligman diz que pra oferecer isso a ela, teria que levá-la a sua casa, e é o que ele faz. Lá, ele lhe oferece além do chá, uma cama, cobertor, enfim, um local onde ela possa descansar e se recuperar.
Seligman lembra-me aquele samaritano citado por Jesus numa parábola aos discípulos, onde narra a história de um samaritano que ia de viagem, e vendo a situação de um homem que havia sido vítima de salteadores, após alguns passarem longe, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão, cuidou dele. (Evangelho de Lucas, capítulo 10:30-34).
Vivemos essa realidade no mundo atual. Muitos estão à mercê da sociedade, enfrentados problemas e situações que destróem sua vida. Quantos seres humanos são vistos jogados em becos e esquinas, literalmente no fundo do poço, sem verem uma saída para seu caminho, e nós que se dizemos cristãos, passamos ao largo, como fizeram o sacerdote e o levita na parábola citada acima.
Ao despertar, Joe assume ser uma pessoa muito má. No entanto, Seligman oferece outro tipo de ajuda a Joe, seus ouvidos e sua atenção. Algo tão simples, mas que poucas vezes fazemos. Joe então começa a contar detalhes de sua vida para Seligman. Aos poucos ela assume ser uma ninfomaníaca, e narra dentre outras coisas, algumas das aventuras sexuais que vivenciou para justificar o porquê de sua auto-avaliação. Na realidade, Joe conta toda sua história, desde a mais tenra idade, quando ela descobriu aos dois ano de idade, sua vagina, passando pela sua infância, quando fazia brincadeiras inocentes, mas libidinosas, uma vez que lhe davam prazer.
Me permitam chamar a atenção, para a questão da sexualidade na infância. Sou pai e compreendo que é necessário conversar abertamente com as crianças, acerca do tema sexualidade. Muitos pais, por timidez, vergonha ou qualquer outra desculpa, simplesmente trata do assunto com indiferença, o que pode vir a trazer sérios traumas no futuro de nossas crianças. Se não orientarmos, pode a qualquer momento surgir um pervetido, um pedófilo e desvirtuar totalmente a noção de sexo dos nossos pequeninos. Provérbios 22:6 diz: "Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles".
Acompanhando a saga da vida de Joe sendo contada a Seligman, de uma forma muito peculiar e divida em capítulos, vemos alguns episódios de sua vida, como por exemplo, Joe na versão jovem (Stacy Martin) perdendo a virgindade aos 15 anos com um garoto insensível, Jerôme (Shia LaBeof) que atende ao anseio de Joe pela primeira relação sexual. Acredito fortemente na influência maligna sobre as pessoas, conduzindo elas para caminhos tortuosos que levam a destruição. (Provérbios 14:12). Foi isso que percebi em alguns momentos da vida de Joe. Mas ainda era apenas o começo...
Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.
Provérbios 14:12
Provérbios 14:12
Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.
Provérbios 14:12
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Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.
Provérbios 14:12
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Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.
Provérbios 14:12
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Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.
Provérbios 14:12
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Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.
Provérbios 14:12
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Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.
Provérbios 14:12
Provérbios 14:12
Temos que amar nossos semelhantes como a nós mesmos. Este é um dos dois grandes mandamentos. O outro é amar a Deus acima de todas as coisas. A visão de amor de Joe é dita na forma de uma equação: luxúria + ciúme = amor. A personagem B. é quem melhor define o amor no filme, como sendo um ingrediente secreto do sexo. Sexo sem amor, está fadado ao fracasso, afinal a mais íntima comunicação (entre homem e mulher) se dá por meio do sexo.
Joe busca no sexo, quando muito, prazer. O sexo tem outras utilidades além de dar prazer, são elas: gerar filhos, desevolver intimidade conjugal, expressar amor. O ato sexual foi instituido por Deus, para ser vivido na esfera do casamento. Toda relação sexual fora do casamento, pode ser tratada como lascícia, luxúria, imoralidade sexual. Conforme a Carta de Paulo aos Gálatas 5:19, tais coisas tratam-se de algumas das obras da carne que são manifestas. No verso 21 do mesmo capítulo, Paulo acrescenta que aqueles que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus. É triste ver no filme que Joe tenta usar o sexo inclusive para aliviar a sua dor, quando seu pai está enfermo num leito de hospital.
Não quero nesse texto julgar a personagem de Joe, ou aqueles que foram ao cinema apenas pelo apelo erótico do filme. Creio que os tais se decepcionaram, pois as cenas de sexo explícito mostradas no filme, não são gratuitas, antes fazem parte da mensagem que está sendo transmitida. Essa primeira parte, mostra que Joe em sua trajetória louca de busca pelo prazer, acaba não sentindo nada. Infelizmente este é o destino de muitos que buscam o prazer sexual em várias (os) parceiras (os). Isso sim é que é brochante!
Paulo escrevendo a Tiago diz que "Cada um, porém, é tentado pelo próprio mau desejo, sendo por este arrastado e seduzido. Então esse desejo, tendo concebido, dá à luz o pecado, e o pecado, após ser consumado, gera a morte." Tiago 1:14-15 Me considero um homem feliz e realizado sexualmente, embora só tenha feito relações sexuais com uma mulher, minha esposa. Ver um filme como este, reforça ainda mais minha crença na palavra de Deus. Minha vida cristã não me impede de ver uma obra de arte como "Ninfomaníaca".
A cena mais cômica, é também a mais trágica, quando vemos um casamento chegando a bancarrota, em virtude da perversão de jovem Joe, que não têm ideia das consequências que suas atitudes provocam na vida de outras pessoas. Embora na versão adulta, ela mesmo se julgue uma pessoa má.
O roteiro do filme é muito bem costurado. Dentre outros assuntos, vemos a saga de Joe contada com a inclusão de uma verdadeira aula de Matemática (sobre a sequência de Fibonacci, que segundo alguns trata-se de uma assinatura divina), Geometria (especialmente na cena em que Joe estaciona o carro de Jerôme), Biologia (nas cenas de folhas, plantas, etc) ou simplesmente Pescaria (comparando Joe como uma isca de pesca, tal qual o poster do filme). Assim vemos constantemente a beleza em contraste com a perversão.
Vídeo sobre a Assinatura de Deus (sequência de Fibonacci) e outro sobre Padrões do Criador:
A trilha sonora é excelente e conta inclusive com a participação de Charlotte Gainsbourg na canção "Hey Joe" (ouça aqui). Os acordes pesados agressivos que ouvimos nos trailers, são capazes de estremecer a sala de cinema. Assim como alguns sustos que o diretor nos proporciona.
Lars Von Trier, é atípico. Sempre polêmico, este criador e inventor criativa da legítima sétima arte acaba fazendo uma enorme campanha de marketing, sabendo instigar e criar expectativa no público em torno de seus filmes. Ele foi um dos criadores do movimento Dogma 95, que prega um cinema mais simples e mais natural. Pelo simples fato de não seguir as estruturas comuns de um filme, o considero um artista da arte de fazer filmes. Ele sabe incomodar um espectador, pois não ficamos passivos frente a um filme seu. Meu preferido do diretor é o sensacional "Dogville" de (2003).
As duas partes de Ninfomaníaca será dividida em 8 capítulos: 1) O Pescador Exemplar; 2) Jerôme; 3) Senhora H; 4) Delirium; (mostrados no primeiro volume) e os que serão exibidos apenas no segundo volume: 5) A Pequena Escola de Órgão; 6) As Igrejas Oriental e Ocidental (O Pato Mudo); 7) O Espelho e 8) A Arma.
Então, é ficar na expectativa pela segunda parte e conferir onde essa história vai chegar. No trailer e no final do Volume 1, são exibidas algumas cenas do Volume 2. Estou curioso especialmente pelas sessões de grupo de apoio...
"Ninfomaníaca" é o último capítulo da "Trilogia da Depressão" dirigida por Lars Von Trier. Os filmes anteriores foram Anticristo (2009) e Melancolia (2011). Recomendo. Nota 8/10.
Segue trailer:
Belo e bem fora do comum o seu texto, Ronald Luis.
ResponderExcluirMuito bom esse filme! Tive a oportunidade de vê-lo com Ronald Luis esse filme, desde a trilha sonora, texto, interpretação, a abordagem do diretor sobre um tema tão polêmico e por isso não tão explorado me fez sentir a curiosidade de ver a 2° parte!
ResponderExcluirÉ isso aí Márcio! Valeu pelo comentário!
ExcluirAinda não assisti ao filme, mas já estava com muita vontade pois considero Lars Von Trier um grande diretor (meu preferido tmbém é Dogville), depois de ler seu texto a vontade só aumentou.
ResponderExcluirQue bom que meu texto lhe incentivou a ver esta bela obra de arte. Estou ansioso pela continuidade... Que bom que o volume II já será lançado em março/2014.
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