Na noite desta terça-feira, 9 de dezembro de 2014, estive no UCI Cinemas do Iguatemi Fortaleza com a esposa para ver Homens, Mulheres e Filhos (Men, Women & Children, 2014) de Jason Reitman, baseado no livro homônimo do escritor Chad Kultgen.
Reitman é um cineasta que sabe se comunicar com a minha geração. Foi assim com Obrigado Por Fumar (Thank You for Smoking, 2005), Juno (Juno, 2007) e Amor Sem Escalas (Up In The Air, 2009) excelentes filmes que me marcaram bastante, com este não foi diferente.
O filme consegue abordar vários temas relevantes, tais como: pornografia na Internet, iniciação sexual, anorexia, adultério (sexo fora do casamento), falta de diálogo entre conjuges, superproteção x superexposição digital, a busca pela fama, divórcio, virgindade, namoro virtual, tudo de forma orgânica, num roteiro bem elaborado que flui naturalmente, iniciando e finalizando no espaço, propondo a reflexão que a atual sociedade deve fazer mediante a atual situação dos relacionamentos. Outro detalhe relevante é o fato do filme não julgar os personagens.
Adultos, adolescentes e crianças amam, sofrem, se relacionam e
compartilham tudo, atualmente quase sempre conectados. A internet é algo onipresente e já faz parte da rotina das pessoas, que ao invés de se conectarem, precisam é separar um tempo para se desconectarem. É fato que esta
grande rede em que o mundo globalizado se transformou, as ideias de sociedade e
interação social ganham um novo significado à cada segundo.
O filme apresenta algumas situações bem interessantes, a primeira delas, um
casal, Don e Helen Truby, (Adam Sandler num papel sério e Rosemarie DeWitt muito bem em cena) que estão vivendo uma fase de crise sexual, devido a perda de intimidade no relacionamento. Don vive uma vida de adultério, pois é viciado em pornografia. A bíblia diz em Mateus 5:28 que "qualquer que olhar para uma mulher e desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração". Já Helen, começa a se relacionar com estranhos pela Internet, até marcar o primeiro encontro com um "negão" (Dennis Haysbert), o presidente David Palmer da série de TV 24 Horas...
O apóstolo Paulo orienta nas sagradas escrituras, em I Corintios 7:3-5 que "O marido deve cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher, e da mesma forma a mulher para com o seu marido.A mulher não tem autoridade sobre o seu
próprio corpo, mas sim o marido. Da mesma forma, o marido não tem
autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher. Não se recusem um ao outro, exceto por mútuo consentimento e durante
certo tempo, para se dedicarem à oração. Depois, unam-se de novo, para
que Satanás não os tente por não terem domínio próprio." Isso envolve certamente a questão sexual. Infelizmente, muitos casais vão se afastando com o passar do tempo que estão juntos, e uma vez que a chama da sexualidade se apague, está escancarada uma porta para a traição e tantos outros males, até a destruição do casamento.
Paulo ainda escrevendo aos Coríntios, em I Coríntios 6:6 afirma que "aquele que se une a uma prostituta é um corpo com ela, os dois serão uma só carne". A bíblia é muito clara ao destino dos adúlteros, eles certamente não herdarão o Reino de Deus... O autor aos Hebreus 13:4 fala que "o casamento deve ser honrado por todos; o leito conjugal, conservado puro; pois Deus julgará os imorais e os adúlteros."
Don e Helen são pais de Chris Truby (Travis Tope) um adolescente que também é viciado em pornografia desde os 10 anos, e aos 15 apresenta problemas na área sexual, chegando a fracassar com sua namoradinha Hannah Clint (Olivia Crocicchia) numa tentativa frustada de relação sexual, quando ele brocha literalmente. O vício aprisiona, e acaba afetando o organismo do jovem com a perda de um estímulo que deveria ser natural. Jovem, tenha muito cuidado onde você clica!
Hannah Clint (Olivia Crocicchia) além de querer perder precocemente a virgindade, sonha em ser atriz e conta com o apio da mãe Donna Clint
(Judy Greer) que fotografa a filha de todos os ângulos e publica as fotos sensuais na Internet, numa crítica a superexposição que muitos pais fazem de seus filhos no mundo virtual. Pais, cuidado com as fotos que vocês publicam de seus filhos...
Uma das amigas de Hannah é Allison Doss (Elena Kampouris) uma garota anoréxica, que apesar dos cuidados dos pais (J.K. Simmons e Tina Parker) não se alimenta, e segue dicas de um site para garotas que querem para permanecer magra e atraente. Ela perdeu vários quilos para conseguir perder a virgindade com um garoto mais velho pelo qual ela é apaixonada. É uma espécie de crítica a ditadura da beleza instituída pela mídia.
Ainda não falamos de Tim Mooney (Ansel Elgort, o novo xodó das meninas, e galã de A Culpa é das Estrelas) um adolescente abandonado pela mãe que se juntou com uma cara da Califórnia e abandonou seu pai Kent Mooney (Dean Norris). Ele está num período de depressão em função do divórcio de seus pais, a ponto de abandonar o time de futebol, do qual ele é o melhor jogador do time. Assim, ele passa a ser mal visto pelos e seus amigos são apenas os de um jogo virtual de RPG. Me preocupa muitos jovens que vivem uma vida paralela on-line.
Tim nutre um sentimento por Brandy Beltmeyer (Kaitlyn Dever), uma garota que é protegida em excesso pela mãe Patricia Beltmeyer
(Jennifer Garner), que filtra tudo que a garota faz on-line. Tudo isso faz com que o espectador reflita acerca das relações humanas. O pano de fundo do longa, é o lançamento do satélite Voyager em 1977, e que registrou uma foto do planeta Terra de uma longa distância, onde somos apenas um pontinho azul neste universo.
Nem mesmo a estranha narração de Emma Thompson, que tenta dar uma visão cósmica a história compromete o filme, que tem um roteiro multiplot bem amarrado, onde os personagens se cruzam, os filhos estudam na mesma escola; os pais se conhecem na vizinhança, e assim o longa consegue no seu bojo abraçar vários temas polêmicos, mas com algo em comum nos dias atuais, a Internet. Até as interações virtuais de caixas de diálogos está bem incluída na tela.
Muito das atuações no filme foi baseado nas reações a estímulos
digitais (textos, chats, fotos), pois simplesmente usar telas manequim
sem o texto não seria suficiente. Então, a equipe de produção criou uma versão dos sites populares, num software
próprio, rigidamente controlado, com o qual os atores pudessem
interagir em tempo real. De acordo com Reitman, eles gastaram "a mesma
quantia de orçamento sobre a criação do mundo digital quanto a do
físico. As pessoas sabem como o Facebook parece bem mais do que o lobby
de um hotel. Você o olha todos os dias, por isso tinha de ser
convincente." Lamentável o fato do filme ter tido uma renda baixa nos EUA, e ficar apenas uma semana em cartaz no Brasil, além de talvez algumas sessões saideiras. Nota: 10,0/10,0.
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