quinta-feira, 27 de julho de 2017

Em Ritmo de Fuga


Com uma trilha sonora de tirar o fôlego, e várias sequencias empolgantes Em Ritmo de Fuga (Baby Driver, Reino Unido/EUA, 2017), de Edgar Wright mostra muitas cenas de ação sobre quatro rodas, brincando com os gêneros ação, policial, romance, musical, inclusive com uma pitada de comédia adolescente, algo característico da filmografia do diretor. Altamente recomendado, para ser visto e ouvido sem moderação.

O novo trabalho de Edgar Wright (Scott Pilgrim contra o Mundo, 2010), já mostrava qualidades pelo trailer. 
Na trama, o jovem Baby (Ansel Elgort) tem uma mania curiosa: precisa ouvir músicas o tempo todo para silenciar o zumbido que perturba seus ouvidos desde um acidente na infância. Exímio motorista, ele é o piloto de fuga oficial dos assaltos de Doc (Kevin Spacey), mas não vê a hora de deixar o cargo após quitar uma dívida, principalmente depois que se vê apaixonado pela garçonete Debora (Lily James).


No entanto, apesar de toda qualidade do filme, ele tem problemas de ritmo, nada tão grave. A cena de abertura ao som de Bellbottoms, do The Jon Spencer Blues Explosion é admirável e já mostra como tudo em tela está bem cronometrado, assim como a ação de Baby ao volante. Em seguida, vemos um belo plano-sequência, à la La La Land - Cantando Estações (La La Land, EUA, 2016), de Damien Chazelle que apresenta ainda mais acerca do personagem principal, com muita elegância. Depois, o mais impressionante: ele cria canções a partir de conversas gravadas, atuando como uma espécie de DJ, e ditando o ritmo dos acontecimentos pela trilha sonora que seleciona. Algo sensacional. Confira:


Wrigth esbanja talento, dirigindo até os movimentos de seus personagens, de acordo com as batidas da trilha, num trabalho de direção magnífico. Vemos muita influência de Tarantino no modo de dirigir de Edgar. O filme perde um pouco do seu frescor, quando troca os fones de Baby por suas falas tímidas e contida. O romance com Debora vai engrenando e cenas simples, parecem um balé, devido aos movimentos de câmera, mesmo quando o casal está parado diante de uma máquina de lavar, ou numa mesa de um restaurante.

A trama se torna clichê, quando o bandido, que na verdade é mocinho, pois não agride as vítimas, não anda armado, se mostra simpático e não gosta sequer de ver os parceiros atuando (tem um momento que ele anda uns dois metros pra frente e depois do assalto dá uma ré), precisa retomar a vida de crime para salvar a sua pele e ficar com a mocinha. Ele só é feliz, quando trabalha honestamente como entregador de pizza.


O elenco está excelente. Ansel Elgort esbanja carisma de óculos escuros e iPod. Os "diálogos" com o padrasto surdo são magníficas. Kevin Spacey trás um pouco de seu personagem em House Of Cards, Jamie Foxx dá um show à parte, fazendo referências a Django Livre especialmente nas cenas em que está provocando o Baby, assim como os comparsas, bem interpretados por Jon HammElza Gonzalez e Jon Bernthal (o Shane de The Walking Dead).

Assim, como uma sinfonia muito bem orquestrada, uma montagem primorosa e uma edição de som e mixagem muito bem realizada. O uso da trilha sonora torna o filme o equivalente a um grande clipe cinematográfico. Tem uma cena hilária ao som de Never, Never Gonna Give Ya Up de Barry White. Outra fabulosa que utiliza Easy de Sky Ferreira. Baseado no clipe Blue Song, da banda Mint Royale, que Edgar Wright dirigiu em 2013. 

Confira o trailer de Em Ritmo de Fuga:



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