O filme de Rosemberg Cariry teve sua primeira exibição no Cine Ceará em 2013, e demorou quatro anos para entrar em cartaz em circuito comercial . Com inspiração nas lembranças dos circos itinerantes do próprio cineasta, funciona como uma espécie de desabafo do próprio Cariry com a difícil distribuição dos filmes locais. Trata-se de um de seus trabalhos mais bem produzidos, com um capricho visual louvável, assim como um trabalho de som digno de elogios.
Na trama, o Gran Circo Teatro Americano está na cidade de Aracati montando uma divertida peça sobre uma crise no inferno. Enquanto isso, nos bastidores, amores e tragédias movimentam a vida dos artistas. Com uma trama rocambolesca e inspirada na literatura de cordel, a atração dentro do Circo mostra a chegada do bandido Lamparino ao inferno e como Lúcifer participa do capitalismo internacional.
Na cena inicial, vemos a trupe pela estrada: ônibus, carros com reboques e caminhão seguindo em procissão levando as cargas à procura de um novo espaço para armar literalmente o circo. Eles param num grande descampado um tanto quanto distante da cidade, mas Arnaldo (Everaldo Pontes), o líder da trupe, decide que eles farão uma temporada lá. Ao fundo, tudo o que se vê é um parque eólico com seus cataventos gigantes. A chegada do circo não chama atenção, tal qual quando um bom filme nacional entra em cartaz... Caracterizando que o fato de que ninguém está esperando a trupe, indica a inerente falta de público (Vi o filme numa sala de cinema de shopping, com apenas 5 pessoas na plateia!), mas a mensagem que o filme prega é a de que o espetáculo não pode parar, apesar das cinzas do incêndio de altas proporções em diversos níveis no picadeiro chamado Brasil.
Ausência de público para artistas independentes significa carência de verbas, e o filme mostra como os artistas são realmente pessoas com poucos recursos, que dividem seus alimentos, seja partilhando diariamente uma tapioca, o ovo cozido da galinha caipira, e sobrevivendo à base de leite de cabra e praticamente “vendendo o almoço para pagar o jantar”. Apesar de serem todos necessitados, vemos uma cena representativa da última ceia, onde denota a hierarquização da equipe do Gran Circo Teatro Americano.
As atuações dos atores estão muito boas, em especial nas questões mais clichês, do palhaço "ladrão de mulher" até a senhora que faz churrasquinho de gato (levou gato, ganha entrada gratuita), passando pelo leão falso e o mestre de cerimônias encantado por Tarzan, "o homem mais forte do mundo". Silvia Buarque, Chico Diaz e Gero Camilo se destacam por serem os nomes mais conhecidos. Na produção, temos Barbara Cariry e o filho de Rosemberg Petrus Cariry ajudou na montagem. Filme participou da competição oficial do festival de Brasília em 2013.
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