sábado, 11 de novembro de 2017

O Estado das Coisas


Drama O Estado das Coisas (Brad's Status, Estados Unidos, 2017) de Mike White aborda de forma ousada se a felicidade vêm através de riqueza, poder, festas ou do aconchego da vida familiar. É fato que as redes sociais podem trazer problemas mentais para aqueles que super dimensionam uma simples postagem numa rede social. O filmes estimula a valorizarmos nossa vida e não dar tanta importância a vida dos outros, pois cada um carrega consigo seus problemas, não sendo necessário carregarmos uma cruz maior que a nossa.

Para Brad (Ben Stiller) a vida dos amigos parece muito melhor que a sua, apesar de possuir uma carreira lucrativa e uma vida familiar feliz, não considera isso o bastante. Ás vésperas do filho ir para faculdade, ele está obcecado em ser o mais bem-sucedido entre os seus ex-colegas de escola, mas, seja pelas redes sociais, pela tv ou até nas revistas todos parecem estar muito melhor que ele. Surgem então os questionamentos, onde ele errou nas escolhas? Por que a grama dos amigos é sempre mais verde? Comparar estilos de vida, não é uma forma saudável de se viver.

Assim o filme acompanha com constante uso de narração em off, alguns dias do protagonista Brad, que é casado com uma mulher compreensiva chamada Melanie (Jenna Fischer), e é pai de um garoto cordial, sensível e brilhante Troy (Austin Abrams). O filme inicia numa noite de insônia, às vésperas de uma importante viagem com o filho adolescente, numa excursão pelas universidades da Costa Oeste, para explorar as chances do rapaz, um gênio na música, em eventuais campis como Harvard, Yale e Tufts, onde Brad estudou. A cena em que ele tenta trocar as passagens aéreas para a área executiva é ótima! Destaca-se então a bela atuação de Ben Stiller.

A princípio, a prioridade de Troy é Harvard, mas ele erra a data da entrevista de admissão e acaba desperdiçando a oportunidade. O pai faz então um lobby para conseguir um novo agendamento para o filho, mas tem que ligar para um amigo, que há tempos não mantém contato. Assim, o filme aborda questões relacionadas a status social, como riqueza e fama e como isso influencia no estilo de vida. Em determinado momento, o filho diz ao pai que o mesmo deveria se importar com quem ele pensa que é, e não com o que os outros pensam a respeito dele, ou ao menos a opinião de quem verdadeiramente importa, como a opinião de seu filho. Tem uma cena cativante do pai com o filho no quarto do hotel, quando ambos são felizes simplesmente fazendo cócegas um no outro. Não podemos anular nossas conquistas, através de um sentimento tão mesquinho quanto a inveja.

Há muitos textos bíblicos que nos aconselham a não sermos invejosos, justamente por ser este um sentimento mau, egoísta e extremamente ligado a cobiça. O apóstolo Tiago fala sobre as guerras que acontecem, dizendo que elas são o resultado de um coração invejoso. Em Tiago 3 lemos que a inveja traz confusão e toda espécie de coisas ruins, e é exatamente isso que o filme nos mostra. Podemos citar personagens na bíblia que tiveram problemas relacionados a este sentimento, como Raquel que por não poder ter filhos, culpava Jacó (afinal a culpa sempre é do outro!), José chegou a ser vendido pelos irmãos invejosos, e Davi tanto foi invejado por Saul, a ponto de ser perseguido por este, como invejou a mulher de Urias, Bate-Seba chegando a ser o responsável pelo assassinato deste.


Ainda que seja um sentimento ruim e difícil de dominar, infelizmente habita dentro de cada um de nós e nos cabe dominá-lo, como qualquer outro sentimento. Entretanto, é sempre bom lembrarmos das palavras do apóstolo Paulo em Filipenses 2: “considerando os outros superiores a si mesmo.” Quando consideramos os outros, deixamos de pensar só em nós, temos menos inveja e somos duplamente abençoados. Destaca-se então o mérito do diretor e roteirista Mike White em explorar muito bem o equilíbrio entre a profundidade dramática da narrativa e a leve comicidade de ver a crise de um homem de meia idade.

Brad percebe o equívoco que cometeu, durante um reencontro com um velho amigo (Michael Sheen), quando ele se vê forçado a ignorar seu sentimento de inferioridade e rever seus conceitos. Assim, o longa acaba sendo um melancólico filme de auto ajuda, apesar de seu final anti clímax. A trilha sonora do longa é delicada e junto com uma montagem bem realizada, repleta de flashbacks e com cenas de sonhos do protagonista, que consegue envolver o público com a história, causando vários momentos de identificação, sendo capaz tanto de emocionar, como de plantar uma mensagem para reflexão.

Confira o emocionante trailer de O Estado das Coisas:

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