quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Era Uma Vez em Hollywood



Comédia dramática Era Uma Vez em Hollywood [Once Upon a Time in Hollywood, Estados Unidos, 2018], de Quentin Tarantino mostra os bastidores do mundo do cinema no final da década de 60, sendo uma homenagem aos filmes que marcaram a vida de um dos diretores mais cultuados da sétima arte.


O longa se passa em Los Angeles, 1969 e conta a história do astro de TV Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) e seu dublê de longa data Cliff Booth (Brad Pitt), que traçam seu caminho em meio à uma indústria que eles nem mesmo reconhecem mais. A história se desenrola até chegar ao brutal assassinato da atriz Sharon Tate (Margot Robbie) e de quatro amigos pela Família Manson acabou, no auge do movimento hippie. O crime espetaculoso, no entanto, é mero pano de fundo para o roteiro de Tarantino, que opta por retratar a perda de inocência por meio de dois personagens fictícios.

Protagonista de um seriado de sucesso dos anos 1950, Dalton tentou buscar novos rumos para sua carreira, mas falhou - e agora só lhe restam pequenas participações como vilões em produções do horário nobre. Inseguro e aflito com a perspectiva de uma inevitável descida ao ostracismo, ele abusa da bebida e pula de piloto em piloto em busca de uma virada.

Já Booth, que também ocupa o posto de faz-tudo de Dalton, vive praticamente à sombra do amigo e patrão. Bonito demais para ser dublê, como o filme faz questão de nos lembrar, ele é extremamente carismático - mas sua fama em Los Angeles não é das melhores, já que há uma mancha sombria em seu passado.

Interpretados de forma primorosa por DiCaprio e Pitt, Dalton e Booth são mais parecidos do que diferentes. Apesar de separados por um abismo social - um mora em uma mansão, o outro em um trailer caindo aos pedaços --, os dois são unidos por seus fracassos, representando um lado esquecido da fábrica de sonhos de Hollywood. É uma situação diametralmente oposta à dos vizinhos de Dalton, o casal formado por Roman Polanski (Rafal Zawierucha), já um diretor badalado, e Tate, que era uma estrela em ascensão.

A Tate de Margot Robbie é a maior representação do lado solar do filme. Claramente apaixonada pelas atrizes, a câmera de Tarantino as segue em momentos tão mundanos quanto mágicos, como a bela sequência em que Tate entra em um cinema para se ver no filme Arma Secreta Contra Martin Helm, lançado em 1968. Sem qualquer afetação ou glamour, ela acompanha a reação da plateia a suas cenas com um sorriso sincero no rosto e os pés descalços apoiados na poltrona da frente.

O filme se torna então uma homenagem a atriz Sharon Tate, que teve sua vida brutalmente abreviada aos 26 anos, quando esperava seu primeiro filho com Polanski, a quem havia conhecido no set do filme "A Dança dos Vampiros" (1967). Ela e mais quatro amigos foram assassinados, no dia 9 de agosto de 1969, por seguidores de Charles Manson na residência em que Tate vivia com o cineasta, na Cielo Drive. O final alternativo à la Tarantino, com a morte dos assassinos por Dalton e Booth seria bem mais interessante que o trágico final real dessa história.

Confira o trailer dublado de Era Uma Vez em Hollywood:

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