Indicado ao Oscar em seis categorias, drama Manchester à Beira-Mar (Manchester by the Sea, EUA, 2016), de Kenneth Lonergan é carregado de emoções e sentimentos e fez jus à expectativa criada em torno de seu lançamento.
Nas cenas iniciais vemos Lee Chandler (Casey Affleck) vivendo literalmente na merda, ou pelo menos lidando diretamente com ela. Ele reside num quartinho apertado, tendo que limpar a neve quase que diariamente para entrar em seu aposento. Seu trabalho é de zelador de um condomínio com quatro prédios, tendo que lidar com as mais diversas situações envolvendo desentupimentos, vazamentos, encanamentos com defeitos e até com a paquera de alguns moradores.
Mas Lee é uma pessoa ranzinza, introspectiva e até certo
ponto intolerante, pois não suporta sequer ser encarado em um bar. Até que um dia ele se vê forçado a retornar para sua cidade natal tendo que ser o tutor de seu sobrinho adolescente após seu irmão Kyle Chandler falecer precocemente. Com isso, Lee precisa enfrentar as razões que o fizeram ir embora e deixar sua família para trás, anos antes. O mérito do filme é ir aos poucos, apresentando os flashbacks que nos fazem aprofundar na história de Lee e nos
deixam claro qual o trauma que ele carrega consigo e que o fez inclusive se separar da esposa (Michelle Williams). Méritos para o excelente roteiro que é profundo e com as camadas sempre tiradas no
momento certo.
A montagem também é muito boa, conduzindo a história sem deixá-la cair
no marasmo, sendo bastante objetiva. As descobertas nos fazem compreender o
tamanho do desafio que foi para Lee ter que enfrentar seus traumas, voltando a
sua cidade natal para sepultamento de seu irmão e tendo que lidar com o desafio
imposto pelo defunto em seu testamento.
O filme tem momentos marcantes, especialmente as cenas onde
o sobrinho tenta sem sucesso ter relações sexuais. Outra cena que destaco é quando tio e sobrinho estão no carro e afirmam que são cristãos... Além disso, o filme desperta alguns questionamentos,
principalmente em como lidar com a situação de luto? Como reagir diante da
perda de entes queridos? E como lidar com traumas? O filme não trás respostas, mas
aponta caminhos e nos leva a refletir sobre a vida que segue, independente dos
acontecimentos que estamos sujeitos a vivenciar.
Filme concorre a de Melhor Filme, Diretor (Kenneth Lonergan), Ator (Casey Affleck), Ator Coadjuvante (Lucas Hedges), Atriz Coadjuvante (Michelle Williams) e Roteiro Original. Deve ganhar melhor ator.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Isso! Comente! Faça um blogueiro feliz!