Revi o drama de sobrevivência Dunkirk (Dunkirk, Estados Unidos, 2016), de Christopher Nolan, que é uma aula de cinema e de história, ao te fazer se sentir quase que literalmente no meio de uma batalha de guerra. Rever o filme foi muito interessante, especialmente já sabendo os truques de montagens que foram utilizados pelo filme.
A trama relata um episódio marcante da Segunda Guerra Mundial, em que soldados das tropas aliadas foram encurralados por alemães nas praias de Dunquerque, na França, e tiveram que ser evacuados através do Canal da Mancha, em barcos. 340 000 homens foram salvos do local. Apesar disso, não é um filme de guerra e sim um filme de sobrevivência. Dessa vez não senti a ausência do inimigo, pois ele está presente à todo momento. A expectativa pelo filme em minha primeira vista, me prejudicou um pouco, como sempre acontece quando criamos expectativa...
Logo na primeira cena do longa, quatro soldados andam por ruas desertas de Dunquerque cobertas por panfletos que caem do céu e que avisam: “Nós te cercamos. Rendam-se e sobrevivam”. Os livros de História contam que verdadeiramente o exército alemão fez diversos panfletos para as tropas inimigas. Alguns dos papéis, escritos em francês ou inglês, chegavam a trazer mensagens positivas, tentando convencer os soldados de que desistir seria melhor para a sobrevivência. Outros possuíam mapas com a localização das tropas nazistas na área.
Em maio de 1940, o governo britânico precisava de embarcações pequenas para conseguir transportar os soldados das praias de Dunquerque para águas mais profundas, onde poderiam subir em veículos maiores. A solução encontrada foi recorrer aos barcos de passeio. Há relatos de que muitos proprietários não queriam deixar os seus barcos com os soldados e se voluntariaram para pilotar até o local, como é o caso do Sr. Dawson (Mark Rylance) que embarcou com o filho e um garoto para participarem do resgate.
Sabendo da montagem do filme nas três perspectivas: (do jovem Tommy por terra, a do veterano Dawson por mar e a do piloto Farrier por ar), é possível perceber os detalhes e a participação de alguns personagens de um núcleo em outro. Em uma das cenas mais tocantes do filme, soldados presos em Dunquerque assistem a um homem que começa a andar em direção ao mar até sumir entre as ondas. O que parece ser poesia pura, na verdade, aconteceu. Há relatos de um veterano da guerra que viu um homem indo para a água e, enquanto o soldado observava a cena de suicídio, pensava se não era apenas uma tentativa desesperada de voltar para casa. Por essas e outras o filme é tão bom e tão frustrante ao mesmo tempo.
O Comandante Bolton (Kenneth Branagh), interpreta atitudes que se assemelham com o que é atribuído ao capitão britânico William Tennant, que ficou conhecido pelo seu grande esforço para levar o máximo de soldados possível de volta ao Reino Unido enquanto esteve na França. As atitudes de outros personagens, como os soldados que ficam procurando formas de sair da praia, enquanto a Marinha não chega, e o medo dos militares de ocupar as partes fechadas de embarcações por conta da possibilidade de naufrágios eram comuns no período.
Em 4 de junho de 1940, Wiston Churchill fez um discurso na Câmara dos Comuns que marcaria a história do Reino Unido. Com o término da Operação Dínamo, que levou os soldados das tropas aliadas para casa, Churchill declarou: “Lutaremos nos mares e oceanos, lutaremos com espírito de confiança e força crescentes; defenderemos nossa ilha, não importa a que custo; lutaremos nas praias, lutaremos nas cabeças de praia, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas colinas; nós nunca nos renderemos”. No longa, esse trecho é lido em um jornal por Tommy (Fionn Whitehead). Ele de fato foi publicado pela imprensa: foi capa do periódico Daily Mirror do dia 5 de junho com o título “Nunca Nos Renderemos”.
Os soldados voltaram da França, estavam envergonhados por serem evacuados e deixarem a região ocupada apenas pelos nazistas, sentimento representado no longa por Alex (Harry Styles, do One Direction). No entanto, ao chegar ao Reino Unidos, foram recebidos com grande animação pela população. O episódio em Dunquerque foi visto como uma vitória e quase um milagre, por conta da quantidade de sobreviventes. É um filme para ser sentido e não simplesmente visto. A trilha de Hans Zimmer incomoda na medida certa. Gostei muito da dublagem do filme. São poucos os diálogos e as falas, mas elas foram bem representadas.
Veja trailer dublado de Dunkirk:
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