terça-feira, 15 de agosto de 2017

O Estranho Que Nós Amamos


Thriller dramático​ O Estranho Que Nós Amamos (The Beguiled, Estados Unidos, 2016) de Sofia Coppola é uma refilmagem de filme de mesmo nome (1971) dirigido por Don Siegel e protagonizado por Clint Eastwood, na adaptação do livro The Beguiled, de Thomas Cullinan, publicado em 1966

O filme se passa durante a Guerra Civil Amaricana, na Virginia, em 1864, três anos após o início da Guerra Civil. John McBurney (Colin Farrell) é um cabo da União que, ferido em combate, é encontrado em um bosque pela jovem Amy (Oona Laurence). Ela o leva para o internato para mulheres onde mora, que é gerenciado por Martha Farnsworth (Nicole Kidman), onde
 as jovens do século passado aprendem funções como cozinhar, como bordar, cantar, tocar instrumentos musicais enquanto os homens estão na guerra. Lá, elas decidem cuidar dele, para que após se recuperar, seja entregue às autoridades. Acontece que, aos poucos, cada uma das benfeitoras do internato demonstra interesses e desejos pelo homem da casa, especialmente Edwina (Kirsten Dunst) e Alicia (Elle Fanning).


Apesar de ser um personagem importante do livro e do filme de 1971, Hallie, uma escrava e negra, foi cortada do filme. A explicação de Sofia Coppola é que escravidão é um tema muito delicado e que merece ser trabalhado com mais ênfase na história das mulheres. No filme, que foi selecionado para o Festival de Cannes em 2017 e rendeu a filha de Francis Ford Coppola, o prêmio de direção no Festival de Cannes (a segunda a conquistar esse feito, a primeira foi a russa Yuliya Solntseva, em 1961, por A Epopéia dos Anos de Fogo). 


O clima de tensão hormonal do filme é palpável, e o mérito é todo do excelente trabalho de direção. 

A cineasta faz com que a plateia se sinta na mesma condição das personagens, ou seja, aguardando pelo fim da guerra, e pela recuperação do soldado ferido. Fica evidente que alguma coisa vai acontecer, mas não temos ideia do que possa ser e quando acontece, ficamos pernetas diante da perspicácia e da perversão do que nos é mostrado.

Destaca-se também o excelente trabalho de figurino, com vestuários em tons pastel, com estampas florais e muita cintura marcada. A fotografia, apesar de usar cores tradicionais, com efeitos mais lavados, destaca cada personagem. Alicia (Elle Fanning) que é a adolescente rebelde, usa vestidos mais coloridos, cheios de movimento e babados. Edwina (Kirsten Dunst) é a professora romântica e sonhadora, surge com roupas floridas e rendadas. Já a proprietária, Mrs. Martha (Nicole Kidman), é mais madura e firme, portanto suas vestes seguem a linha mais tradicional, em cores neutras e muito branco.

A visão feminista da história, com o ponto de vista das mulheres da casa e não do soldado ferido, também se mostra interessante, certamente diferenciando da obra original e do livro. Chama a atenção, o fato do discurso feminista ser inteligente, ao se mostrar nas entrelinhas, enganando o espectador, em função dos pré conceitos machistas estabelecidos, quebrando (literalmente, ou não) as pernas do homem que escreve esta análise.

A trilha sonora do longa é clássica e até certo ponto bucólica. Os sons de fundo da guerra civil estão presentes e ambientam ainda mais o filme. A construção histórica que serviu de locação, já foi utilizada por outras produções, como a série A Woman Called Moses (1978), de Paul Wendkos, e Sister, Sister (1982), de John Berry. Chama atenção o fato de Sofia Coppola seguir uma estética na linha dos longas independentes, sendo surpreendente o que ela consegue fazer com “pouco” dinheiro, uma vez que o orçamento deste filme foi em tono de 10.4 milhões de dólares (Como parâmetro, Mulher-Maravilha teve um orçamento 10 vezes maior).

Acompanhe o trailer de O Estranho Que Nós Amamos:


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