quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Pedro Sob a Cama


Emocionante drama familiar Pedro Sob a Cama (Première Mundial. Ficção. 100 min. 14 anos, 2017) de Paulo Pons (que apresentou o filme) exibido na 27° edição do Cine Ceará - Festival Ibero-americano de Cinema numa cópia que embora tenha apresentado alguns problemas técnicos, e com uma qualidade de som própria de filme com baixo orçamento, conseguiu tocar meu coração e me levar as lágrimas. 



O filme apresenta em seu prólogo uma tragédia familiar envolvendo o empresário Mariano (Fernando Alves Pinto, que subiu ao palco antes da exibição), que de início se mostra ser uma pessoa rude ao administrar seus funcionários com mão de ferro, trata com rigor e impaciência sua cunhada Flávia (Fernanda Thuran) que é viciada em drogas e demonstra certo carinho com a esposa Júlia (a cearense Suzana Castelo que também esteve apresentando o filme) e com o enteado Mani (Konstantinos Sarris), até o traumático incidente trágico que resulta na morte de Júlia em plena festa de comemoração de seu aniversário, estando ela grávida.


Oito anos se passam e então conhecemos Pedro (Gabriel Furtado, bela revelação), um cativante menino sonhador que foi abandonado pelo pai Mariano após o fatídico ocorrido. Certamente por decorrência dos traumas do acidente que envolveu a morte de sua mãe e seu nascimento de forma prematura, Pedro não fala, mas ouve e compreende tudo a sua volta, utilizando a tecnologia do celular para se comunicar com sua tia/mãe Júlia, que largou os vícios para se dedicar aos garotos.

Ao saber do retorno de Mariano para a pequena cidade onde vivem (filmado em Pedro Osório, RS), Pedro tomou uma decisão ousada: invadir de forma sorrateira a nova casa onde seu pai vive e se esconder debaixo de sua cama, com intuito de acompanhar um pouco da rotina do homem que ele pouco conhece, mas que tem laços sanguíneos. Lá, ele acaba criando um mundo particular e fantástico para si. A autenticidade das cenas com Gabriel Furtado é fabulosa.




Mariano se mostra uma pessoa transformada após o ocorrido e tem o objetivo de encontrar o filho que jamais conhecera. Ele não é mais uma pessoa grosseira, consegue um humilde emprego de serviços gerais numa pequena empresa, para se sustentar, tocar sua vida e enfrentar os traumas mal resolvidos. Na busca pela redenção, ele procura o perdão do enteado e estabelecer um relacionamento com o filho, mas é confrontado pela vó dos meninos (Betty Faria) que busca impedir que ele tenha contato com a família. O filme conta ainda com uma pequena participação de Letícia Sabatella (que é esposa do ator Fernando Alves Pinto) interpretando uma namorada de Mariano, que descobre o esconderijo do menino.



Como não gostar e se envolver com um filme sobre um filho que deseja simplesmente conhecer o pai, mas tem grandes dificuldades. Algumas cenas são marcantes, como quando enfim Mariano consegue estabelecer um diálogo com Mani e o mesmo se derrete em lágrimas ao ser presenteado com um capacete para sua namorada e ter resgatada memórias dos tempos de pescaria com o padrasto. Me identifiquei muito com Mani, pois experimentei em minha vida algo similar em relação ao meu pai, que desapareceu quando eu tinha seis anos e reapareceu quando eu já era adolescente. 


A cena em que Mariano conta a verdade do incidente envolvendo a mãe de Mani, com Pedro ouvindo tudo escondido embaixo do banco do carro é contundentemente forte, pois o diretor nos priva de ouvir o que é dito, mas sabemos o que está acontecendo dentro do carro. Mani entra numa catarse e chega a agredir e ferir o padrasto ao extrapolar sua ira. Mariano compreende a revolta do menino com uma ternura de pai e volta para casa com suas feridas, para só então ser tratado por um Pedro que resolve deixar o anonimato e oferece o amor de filho, que é muito mais do que um simples curativo no pai, um homem que chora.


Confira o trailer de Pedro Sob a Cama:



5 comentários:

  1. Assisti à parte que se inicia na pescaria até o fim do longa. Simplesmente espetacular. Parabéns!

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  2. Vi o filme agorinha pelo Canal Brasil e gostei da história simples e da condução sensível do drama familiar, da atuacat dos atores, na sequência corri aqui pro mundo da internet atrás de mais informações, encontrei uma crítica bem ruim detonando falhas e chamando o filme de um mero draminha simplista, discordo, e agradeço por seu ponto de vista, acredito que é preciso muita sofisticação para ser simples, assim como você me pareceu ser na sua conversa, acima. Valeu.

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  3. Vi o filme agorinha pelo Canal Brasil e gostei da história simples e da condução sensível do drama familiar, da atuacat dos atores, na sequência corri aqui pro mundo da internet atrás de mais informações, encontrei uma crítica bem ruim detonando falhas e chamando o filme de um mero draminha simplista, discordo, e agradeço por seu ponto de vista, acredito que é preciso muita sofisticação para ser simples, assim como você me pareceu ser na sua conversa, acima. Valeu.

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  4. oi sou de Pedro Osório e estou fazendo um trabalho para a aula de artes sobre artistas de Pedro Osório e decidi fazer sobre vc
    tens como me responder algumas perguntas por favor?

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  5. Como não se emocionar com um filme tão singelo sobre amor e ternura. Amor de pai, amor de mãe, amor de filho, amor daquela personagem da Letícia Sabatella (participação afetiva) , amor entre irmãs, cunhado, avó e neto. E todo o Amor que traz perdão e redenção ao ser humano.
    Singelo não significa simples, nem raso, nem desmerece em nada uma grande produção. Singelo é tudo de bom que existe, tudo de natural, verdadeiro,pequeno, saudável, sem etiqueta nem embalagem neste mundo descartável.
    Pena que filmes brasileiros de qualidade, da grandeza de um filme destes nunca passe num canal aberto, entulhado de cenas de violência gratuita, sangue, carros incendiados, efeitos prá lá de especiais e totalmente desprovidos de ternura, e de alma.
    Amei, chorei.

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