Romance nacional Todas As Canções de Amor (Brasil, 2018) de Joana Mariani, mostra através de grandes músicas, as semelhanças existentes entre todos os tipos de casais, apesar de vivenciarem o amor em tempos distintos e em fases opostas, seja num apaixonante início ou num melacólico término, todo relacionamento é efêmero, ou eterno enquanto dura. Filme ideal para levar a cônjuge que queira discutir a relação.
Na trama, Chico (Bruno Gagliasso) e Ana (Marina Ruy Barbosa) se mudam para um novo apartamento em São Paulo. Enquanto arrumam as coisas, ela acha uma fita K7 e decidem escutar. Trata-se de uma seleção musical dos antigos moradores, onde Clarisse (Luiza Mariani) gravou na década de 90 para seu marido, Daniel (Julio Andrade) durante uma crise conjugal, como forma de se expressar para o marido músico. Os dois casais, apesar de distanciados pelo tempo, têm muito em comum e não apenas por terem divido o mesmo apartamento.
Recém-casada, Ana é escritora e se sente próxima a Clarisse, encontrando nela estímulo para escrever uma nova história. Seu marido Chico administra um restaurante e é mais experiente que ela, sendo que ele aos poucos vai compreendendo a fixação que a fita ocasiona em sua esposa. Clarisse é economista frustrada, após a criação do plano real que modificou os conceitos até então estabelecidos.
O ponto alto da produção, certamente é a trilha sonora assinada por Maria Gadú, que reuniu 16 clássicos, entre eles: “Acontece”, de Cartola, “Baby”, de Gal Costa, “Sonhos”, de Caetano Veloso, “Samba de um Grande Amor”, de Chico Buarque” e “Pérola Negra”, de Luiz Melodia. Não bastasse esses clássicos, o filme conta também com “Ne me quitte pa” cantada por Maísa e “Blue Eyes” com Marisa Monte. Duas canções são covers inéditos: “Eu Sei que Vou te Amar/Soneto da Felicidade”, de Vinícius de Moraes, cantada por Maria Gadú e recitada por Maria Bethânia, e “I Will Survive”, de Gloria Gaynor, aqui interpretada por Liniker e Iza.
Todas as canções são literalmente bem utilizadas em cena. Mas se destacam “O Mundo é um Moinho” clássico do compositor Cartola dedicado à sua filha de criação, Creusa Cartola. Além disso tem uma cena magnífica onde Daniel canta “Drão” com a participação especial de Gilberto Gil. Outra cena marcante é a que Clarisse interpreta “Menino Bonito”, de Rita Lee.
O filme utiliza uma tecnologia inédita no Brasil, um painel de LED de 9 metros de altura e cinco de largura, que foi colocado no lugar para reproduzir a imagem do céu durante um pôr do sol. Com isso, foi possível recriar diversos momentos do dia, usando a vista real da cidade, ao invés do tradicional e ultrapassado fundo verde do chroma key, que dá uma falsidade enorme aos filmes.
O longa conversa de forma diversa com seu público, onde cada um se aprofunda na história até onde haja interesse, ou sente a música de acordo com suas recordações. Percebemos no longa a influência do já clássico e cult La La Land - Cantando Estações (La La Land, EUA, 2016), de Damien Chazelle. O roteiro apesar de redigito à seis mãos, é muito bem escrito, especialmente evidenciando as duas linhas temporais. A montagem é agradável, as atuações estão ótimas, só lamento o excesso no uso do cigarro por Clarisse, mas entendi que serviu para retratar as diferentes épocas que se passam o filme. Altamente recomendado para se ver à dois.
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