quarta-feira, 4 de março de 2020

Os Miseráveis




Drama francês Os Miseráveis [Les Miserables, França, 2019], de Ladj Ly, ecoa a obra de Vitor Hugo, mostrando o atual momento francês, que apesar de unidos celebrarem a conquista de uma Copa do Mundo, vive em constante violência, afetando especialmente as crianças que vivem no subúrbio parisiense.



Na trama, acompanhamos o primeiro dia de trabalho de um policial provinciano Stéphane (Damien Bonnard) que se muda para Montfermeil, em Paris, com o objetivo de se juntar à Brigada Anti-Crime local, descobrindo um submundo onde as tensões entre os diferentes grupos marcam o ritmo. Colocado no mesmo time de Chris (Alexis Manenti) e Gwada (Djibril Zonga), dois homens de métodos pouco convencionais, ele logo se vê envolvido na tensão entre as diferentes gangues do local.

O filme é pulsante do início ao fim. A tensão e o senso de urgência é perceptível o tempo todo. A apresentação dos personagens é bem construída, e como eles se relacionam com o trio de policiais, que tomam atitudes que desencadeiam uma série de situações inconvenientes, dando uma sensação de inquietude social, de que algo pode sair do controle a qualquer momento.

Os policiais não são maniqueístas, e as tomadas são quase como a de um documentário, tornando o filme bem realista, e sendo comparável ao nosso clássico Tropa de Elite (2007) de José Padilha. Mostra como o corrompido sistema é capaz de gerar conflitos até mesmo com as crianças, especialmente aqueles que vivem à margem da sociedade e/ou são renegados pelos pais.

A diplomacia é algo que não existe quando surge conflito entre as comunidades que ali habitam. Vemos os imigrantes, os muçulmanos, os circenses (ciganos), as crianças da comunidade e os policiais. O caos começa a se instalar quando uma criança rouba um leão bebê do circo e eles partem pra cima para conseguirem o leão de volta.

Aí vemos desde a violência policial, as traquinagens infantis, a paciência dos religiosos, todos estão num emaranhado onde lutamos para sobreviver em meio ao caos instalado. O filme representou a França no Oscar 2020. E como o longa se encerra, deixo aqui o trecho da obra de Vitor Hugo: "Não há ervas daninhas, nem homens maus - há sim, maus cultivadores".

Acompanhe o trailer de Os Miseráveis:

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