Drama indígena A Febre (2019) de Maya Werneck Da-Rin apresenta a rotina de um indígena em Manaus, que trabalha como segurança no porto, e passa a se sentir febril após saber que sua filha irá para Brasília estudar medicina. Venceu o troféu Candango na 52ª Mostra Competitiva do Festival de Brasília 2019.
Na trama, acompanhamos Justino (Regis Myrupu), um índio de 45 anos que reside em Manaus, Amazonas e é guarda de segurança no porto de Manaus, Amazonas. Enquanto sua filha Vanessa (Rosa Peixoto) trabalha em um posto de saúde e acaba de passar para a faculdade de Medicina, na Universidade de Brasília. Desde a morte de sua esposa, sua principal companhia é sua filha mais nova com quem vive em uma casa modesta na periferia. Ela está insegura entre seguir seu sonho e deixar seu pai, ela precisa ainda lidar com uma estranha febre que subitamente aparece acometendo Justino, o que o faz voltar a sua aldeia, de onde partiu vinte anos atrás. Ele é advertido no trabalho, por ter momentos de cochilos durante o horário de trabalho.
Com o passar dos dias, Justino é tomado por uma febre forte. Durante a noite, uma criatura misteriosa segue seus passos. Durante o dia, ele luta para se manter acordado no trabalho. Mas logo a rotina tediosa do porto é quebrada pela chegada de um novo vigia. Enquanto isso, a visita de seu irmão faz Justino rememorar a vida na aldeia, de onde partiu vinte anos atrás. Entre a opressão da cidade e a distância de sua aldeia na floresta, Justino já não pode suportar uma existência sem lugar. Uma frase do roteiro se destaca: "O homem branco só consegue ver o que está diante dos seus olhos". No filme, vemos a cultura indígena em contraponto com a cultura ocidental, diante dos mistérios insondáveis da vida, aqui representada através da floresta amazônica e sua fauna.
Por mais que o filme tenha um ritmo lento e pareça ser mais longo do que de fato é, vemos o contraponto de Vanessa querendo adentrar ainda mais no mundo dos brancos, em detrimento aos seus parentes. Justino ao receber a visita de parentes próximos, e sentar à mesa, onde ouvimos diálogos onde cada membro expressa seu ponto de vista, entre os que optaram por permanecer na floresta e os que decidiram viver longe dela.
Se destaca no longa, a fotografia de Barbara Alvarez que mostra momentos típicos de Manaus, onde a cidade grande e a floresta convivem praticamente no mesmo ambiente, o que ajuda na narrativa que explora a dualidade a todo instante. Muito bom ver essa figura tão importante de nossa cultura ganhar espaço na tela do cinema. Somos uma sociedade que infelizmente não valoriza nossos antepassados, e que muitas vezes desrespeita quem pensa diferente.
Veja trailer de A Febre:
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